"O controlo da lepra foi um dos casos de sucesso de Cabo Verde no setor da saúde", disse o diretor nacional de Saúde, Jorge Noel Barreto, na cidade da Praia, na abertura de um seminário para assinalar o Dia Mundial da Lepra, que acontece no último domingo do mês de janeiro.
Segundo a mesma fonte, que já foi diretor do Programa Nacional de Luta contra a Tuberculose e Lepra (PNLTL), há mais de 25 anos que Cabo Verde eliminou a doença do ponto de vista de saúde pública, tendo menos de um caso por cada 10 mil habitantes.
"Esta situação tem-se mantendo, graças ao desenvolvimento que o país vem alcançando ao longo desses anos", prosseguiu, lembrando que a lepra é uma doença que está ligada à pobreza, e às baixas condições de vida das pessoas.
Apesar do controlo, Jorge Barreto alertou que a doença não está erradicada do país, que regista uma média de 10 casos novos por ano, considerando que há sempre o risco de a situação voltar a agravar-se.
"Se nós não tivermos o cuidado de continuar a identificar os casos que ainda acontecem de forma precoce, para que o tratamento também possa ser iniciado precocemente", prosseguiu Barreto, lembrando que a lepra tem tratamento e cura.
Também disse que se deve continuar a fazer a investigação à volta dos casos diagnosticados, bem como continuar a disponibilização dos medicamentos.
"A luta contra a lepra deve continuar porque é uma doença que pode deixar marcas estigmatizantes", pediu Jorge Barreto, notando que o bacilo que causa a infeção ainda existe no país, pelo que chegar aos zero casos anuais ainda é um grande desafio.
Por isso, apelou à adoção de algumas medidas para reduzir os riscos de infeção, como diminuição da pobreza, evitar uso abusivo do álcool ou ter uma alimentação adequada, bem como o combate à discriminação das pessoas que contraem a doença.
Segundo o diretor nacional de Saúde, a pandemia da covid-19 não afetou as atividades de luta contra a lepra em Cabo Verde, onde são identificados mais casos no concelho da Praia, na Ribeira Grande de Santiago, em São Vicente e em Santo Antão.
Segundo dados do PNLTL, em Cabo Verde, a Lepra ("Hanseníase" ou "Mal de Hansen") - nome pelo qual também é conhecida a doença -, chegou a ter uma prevalência muito elevada, atingindo 1.200 casos por ano nas décadas de 60 e 70 do século XX.
O Dia Mundial dos Leprosos foi instituído pelas Nações Unidas em 1954, a pedido Raoul Follereau, que dedicou a sua vida à promoção do tratamento e cura, reabilitação e reinserção dos doentes com Lepra.
A contaminação pelo bacilo da lepra dá-se por via respiratória, pelas secreções nasais ou pela saliva, e o período de incubação é longo, o que explica o motivo por que a doença se desenvolve mais em indivíduos adultos, embora possa também afetar crianças.
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