PAIGC denuncia "cenários" para transferir responsabilidade de ataque
O Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) denunciou a "construção de cenários" para transferir para o partido a responsabilidade do ataque de terça-feira e impedir a realização do seu congresso.
© Lusa
Mundo Guiné-Bissau
Um comunicado da comissão permanente do partido, divulgado hoje à imprensa e com data de sexta-feira, refere que o partido recolheu "informações e evidências" da "construção de cenários, que permitem transferir para o PAIGC e a sua liderança todas as responsabilidades, ao mesmo tempo que compromete de forma séria a realização do congresso do partido".
A comissão permanente do PAIGC explica que chegou a essa conclusão com base no comunicado do Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15), segunda força política no parlamento e no Governo, que "tenta de forma leviana e irresponsável imputar responsabilidade" ao PAIGC.
A nomeação de um novo diretor para a Polícia Judiciária e prorrogação do estado de alerta, no âmbito do combate à covid-19, que proíbe a realização de atividades sociais, culturais e políticas, após se terem realizados os congressos de dois partidos, são outras da justificações apontadas pela comissão permanente do PAIGC para a acusação.
Outra razão apontada pelo partido é a mobilização de uma força de apoio à estabilização decidida pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), sem a "prévia e devida auscultação" da Assembleia Nacional Popular, parlamento do país.
O PAIGC aponta também como justificação as "reuniões clandestinas" feitas pelo Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, onde participaram vários dirigentes partidários, incluindo do PAIGC e "tentativas de implementar novas evidências que associem elementos deste partido às ocorrências de 01 de fevereiro, tudo com o claro propósito de chegar".
No comunicado, a comissão permanente do PAIGC afirma que a data do congresso do partido, se mantém inalterada.
O partido deverá realizar o seu congresso entre 17 e 20 de fevereiro.
Homens armados atacaram na terça-feira o Palácio do Governo da Guiné-Bissau, onde decorria um Conselho de Ministros, com a presença do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, e do primeiro-ministro, Nuno Nabiam.
O ataque causou pelo menos oito mortos, segundo o último balanço do Governo, que reviu em baixa o número de vítimas mortais.
O Presidente considerou tratar-se de uma tentativa de golpe de Estado que poderá também estar ligada a "gente relacionada com o tráfico de droga".
O Estado-Maior General das Forças Armadas guineense iniciou, entretanto, uma operação para recolha de mais indícios sobre o ataque, que foi condenado pela comunidade internacional.
Na sequência dos acontecimentos, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) anunciou o envio de uma força de apoio à estabilização do país.
A Guiné-Bissau é um dos países mais pobres do mundo, com cerca de dois terços dos 1,8 milhões de habitantes a viverem com menos de um dólar por dia, segundo a ONU.
Desde a declaração unilateral da sua independência de Portugal, em 1973, sofreu quatro golpes de Estado e várias outras tentativas que afetaram o desenvolvimento do país.
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