Em comunicado lido à imprensa, na Casa dos Direitos, em Bissau, a organização não-governamental reafirmou a posição, que tem defendido, de "exigir a demissão do ministro do Interior pela manifesta incapacidade de garantir a ordem, a segurança e a tranquilidade públicas, dando azo à instalação de um clima de terror e caos sem precedentes, suscetível de conduzir o país ao precipício".
A Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) manifestou também a sua "firme e inabalável determinação em denunciar, sem tréguas, todas as ações que visam coartar abusivamente a liberdade de imprensa e de expressão na Guiné-Bissau".
Voltando a condenar o "ato bárbaro" contra a Rádio Capital, em Bissau, que "visa silenciar um dos espaços que simboliza o pluralismo e a liberdade de expressão na Guiné-Bissau", a LGDH apelou a todos os cidadãos para que sejam "mobilizados fundos" para permitir o funcionamento daquele órgão de comunicação social.
A Rádio Capital foi atacada na segunda-feira por um grupo de homens armadas e encapuzados, que destruíram o órgão de comunicação social, provocando cinco feridos.
O ataque ocorreu depois de na semana passada homens armados terem atacado o Palácio do Governo da Guiné-Bissau, onde decorria um Conselho de Ministros, com a presença do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, e do primeiro-ministro, Nuno Nabiam, e de que resultaram oito mortos.
O Presidente considerou tratar-se de uma tentativa de golpe de Estado que poderá também estar ligada a "gente relacionada com o tráfico de droga".
O porta-voz do Governo adiantou no sábado, em conferência de imprensa, que o ataque foi feito por militares, paramilitares e que estarão envolvidos elementos dos rebeldes de Casamança, bem como "personalidades".
O Estado-Maior General das Forças Armadas guineense iniciou, entretanto, uma operação para recolha de mais indícios sobre o ataque, que foi condenado pela comunidade internacional.
Na sequência dos acontecimentos, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) anunciou o envio de uma força de apoio à estabilização do país.
A Guiné-Bissau é um dos países mais pobres do mundo, com cerca de dois terços dos 1,8 milhões de habitantes a viverem com menos de um dólar por dia, segundo a ONU.
Desde a declaração unilateral da sua independência de Portugal, em 1973, sofreu quatro golpes de Estado e várias outras tentativas que afetaram o desenvolvimento do país.
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