Discursando hoje numa reunião conjunta de ministros dos Negócios Estrangeiros e da Saúde da União Europeia (UE) em Lyon, França, a comissária europeia da tutela sanitária, Stella Kyriakides, defendeu "uma África pronta a enfrentar não só a covid-19, mas também a malária, VIH, tuberculose, doenças tropicais negligenciadas e as doenças mortais do futuro".
"A menos de 10 dias da Cimeira UE - União Africana, estamos prontos a estabelecer uma parceria com África para tornar esse futuro uma realidade", vincou a responsável, assinalando que "este trabalho já começou".
Em concreto, segundo a comissária da Saúde, a UE já "lançou uma iniciativa de 100 milhões de euros para apoiar o lançamento de vacinas em África, com um financiamento adicional de 125 milhões de euros para países africanos para vacinação, formação, equipamento médico e sequenciação" agora anunciado.
"Todos sabem hoje em dia que doar vacinas é uma coisa e garantir que vacinamos as pessoas é outra e que a equidade exige mais do que donativos. Requer acesso a médicos, enfermeiros, hospitais, e equipamento médico, exige cientistas, tecnologia e institutos de investigação e requer capacidades de fabrico de última geração", justificou Stella Kyriakides.
Intervindo na reunião dos ministros europeus, durante um debate sobre apoio aos países de baixo e médio rendimento ao nível da saúde global, a responsável adiantou que "o reforço dos sistemas de saúde e das capacidades de imunização dos países mais vulneráveis do mundo deve ser o foco", o que significa "ir além das vacinas anticovid-19".
A posição da responsável surge dias antes de os dirigentes da UE e da União Africana (UA), bem como dos respetivos Estados-membros, se reunirem em Bruxelas para a sexta cimeira conjunta.
O encontro diplomático de alto nível visa estabelecer as bases de uma parceria UA-UE renovada e aprofundada, esperando-se desde logo um pacote de investimento África-Europa, tendo em conta desafios mundiais como as alterações climáticas e a atual crise sanitária causada pela pandemia de covid-19.
Em discussão estarão ainda questões sobre como promover a estabilidade e a segurança.
Falando sobre a cimeira, que se realiza a 17 e 18 de fevereiro, Stella Kyriakides considerou ser "um momento político importante em termos dos resultados em matéria de saúde pública".
"O nosso objetivo na cimeira deve ser partir com planos concretos de ação e parceria com África", concluiu.
Dados da Comissão Europeia revelam que a UE já mobilizou um apoio financeiro de 46 mil milhões de euros para ajudar 130 países para a resposta e recuperação da covid-19, com quase um quarto desse montante -- 10 mil milhões -- a ser destinado a África.
A UE é também uma das doadoras do mecanismo de acesso a vacinas Covax, no âmbito do qual prometeu alocar três mil milhões de euros.
Além disso, até agora, a UE já partilhou 407,4 milhões de doses de vacinas anticovid-19 com as regiões mais desfavorecidas do mundo, principalmente através da Covax, juntamente com os Estados-membros.
O objetivo de Bruxelas é de chegar até meados de 2022 com um total de 700 milhões de doses doadas.
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