"Esperamos que a reunião virtual de hoje do Grupo de Contacto (de Minsk) e os próximos contactos dos conselheiros políticos dos líderes dos países do Formato Normandia conduzam a um progresso positivo no processo de resolução pacífica da crise interna ucraniana", disse Maria Zakharova, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia.
Zakharova mostrou-se confiante de que é possível conseguir uma desescalada "rápida" da situação na Ucrânia, sobre a qual "tanto se fala e escreve" no Ocidente.
"Isso exige interromper o fornecimento de armas para a Ucrânia, retirar conselheiros e instrutores militares ocidentais do território e interromper os exercícios militares conjuntos da Ucrânia e dos países da NATO", explicou a porta-voz da diplomacia russa.
Zakharova pediu aos países ocidentais para que acabem com a "instigação artificial de tensões na Ucrânia" e tomem "medidas práticas" destinadas a reduzir os diferendos e a resolver o conflito no leste do país.
Na terça-feira, o Presidente francês, Emmanuel Macron, indicou em Kiev que as próximas conversas ao nível dos conselheiros políticos do Formato Normandia iam ocorrer em 10 de fevereiro, em Berlim.
A anterior reunião dos representantes políticos e diplomáticos dos quatro países aconteceu em 26 de janeiro, em Paris, e durou mais de oito horas.
Segundo os anfitriões do evento, todas as partes manifestaram na altura a intenção de fazer todo o possível para "reduzir as diferenças existentes".
Macron assegurou ainda que, na sua reunião no Kremlin (Presidência russa), na segunda-feira, o Presidente russo, Vladimir Putin, lhe garantiu que não haveria uma nova escalada militar na fronteira com a Ucrânia.
Também na terça-feira, em Kiev e ao lado de Macron, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que os líderes da Ucrânia, Rússia, França e Alemanha poderiam reunir-se "muito em breve" para discutir a crise ucraniana.
"Esperamos poder realizar muito em breve negociações dos líderes [dos países] do Formato Normandia", disse Zelensky.
A última cimeira do grupo da Normandia realizou-se em dezembro de 2019, em Paris, e foi o primeiro encontro entre o Presidente russo, Vladimir Putin, e o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky.
O diálogo no Formato Normandia foi criado em 2014, na sequência da guerra entre a Ucrânia e separatistas pró-Moscovo na região ucraniana do Donbass (leste), que provocou cerca de 14.000 mortos e 1,5 milhões de deslocados desde então, segundo a ONU.
A Ucrânia e os seus aliados ocidentais acusam a Rússia de ter concentrado dezenas de milhares de tropas na fronteira ucraniana para invadir novamente o país, depois de lhe ter anexado a península da Crimeia em 2014.
A Rússia nega qualquer intenção bélica, mas condiciona o desanuviamento da crise a exigências que diz serem necessárias para garantir a sua segurança, incluindo garantias de que a Ucrânia nunca fará parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).
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