Lavrov acusa EUA de quererem um conflito e Blinken exige desescalada
A Rússia acusou hoje Washington de querer provocar um conflito na Ucrânia e os Estados Unidos exigiram uma desescalada a Moscovo, durante uma conversa telefónica entre os chefes da diplomacia dos dois países.
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Mundo Ucrânia
Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia disse que Sergei Lavrov denunciou perante Antony Blinken a "campanha de propaganda lançada pelos Estados Unidos e seus aliados sobre a 'agressão russa'".
Tal campanha, segundo Moscovo, "visa a provocação, encorajando as autoridades de Kiev" a embarcar numa "resolução militar do problema do Donbass", a região oriental da Ucrânia onde as forças de Kiev lutam contra separatistas pró-russos desde 2014.
Em Washington, o Departamento de Estado anunciou que Blinken disse a Lavrov que a via da diplomacia continua aberta para resolver o conflito, mas exigiu uma desescalada a Moscovo.
Blinken reafirmou a Lavrov que uma invasão da Ucrânia "resultará numa resposta transatlântica resoluta, massiva e unida", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, citado pela agência France-Presse (AFP).
O secretário de Estado norte-americano reafirmou ao seu homólogo russo que uma invasão da Ucrânia "resultará numa resposta transatlântica resoluta, massiva e unida", acrescentou o porta-voz.
Face ao agravamento da tensão, os presidentes norte-americano, Joe Biden, e francês, Emmanuel Macron, anunciaram que vão falar hoje, em contactos separados, com o Presidente russo, Vladimir Putin.
Os Estados Unidos disseram, na sexta-feira, que a Rússia poderá invadir a Ucrânia "a qualquer momento" nos próximos dias.
Uma tal ofensiva é uma "possibilidade muito, muito real", mas os serviços secretos norte-americanos não sabem se Putin "tomou ou não uma decisão final", disse então o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca Jake Sullivan.
Na sequência do alerta, os Estados Unidos apelaram aos seus cidadãos para deixarem a Ucrânia o mais rapidamente possível e anunciaram o encerramento dos serviços consulares na sua embaixada em Kiev a partir de domingo.
Vários países também aconselharam os seus cidadãos a deixar a Ucrânia, incluindo Reino Unido, Países Baixos, Canadá, Austrália, Japão, Israel, Bélgica, Alemanha, Espanha, Noruega, Dinamarca, Kuwait e Iraque.
A atual crise começou com a concentração, ainda em 2021, de dezenas de milhares de tropas russas e armamento pesado perto das fronteiras da Ucrânia, quer do lado da Rússia como também da Bielorrússia, país aliado de Moscovo.
O Ocidente vê nessa concentração militar a intenção russa de invadir novamente a Ucrânia, depois de lhe ter anexado a península da Crimeia em 2014.
Ainda em 2014, separatistas pró-russos apoiados por Moscovo iniciaram uma guerra contra Kiev na região oriental do Donbass, que já provocou cerca de 14.000 mortos e 1,5 milhões de desalojados, segundo a ONU.
A Rússia nega qualquer intenção de invadir a Ucrânia nas suas movimentações militares, mas condiciona o desanuviamento da crise a exigências que diz serem necessárias para garantir a sua segurança.
Essas exigências incluem garantias juridicamente válidas de que a Ucrânia nunca fará parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) e o regresso das tropas aliadas nos países vizinhos às posições anteriores a 1997.
Os Estados Unidos e os seus aliados da NATO e da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), incluindo Portugal, recusaram tais exigências.
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