O presidente russo Vladimir Putin assumiu esta terça-feira num a conferência de imprensa a partir de Moscovo que a situação atual é "como no Kosovo" e que "os Acordos de Minsk já não existem", por isso "não há mais nada para cumprir".
Ao longo do discurso, Putin defendeu que "todos têm de reconhecer a vontade expressa por Donetsk e Lugansk". Fazendo referência não só à Ucrânia, mas também Europa e EUA.
"Temos de esperar por mais genocídio? Mais de 4 milhões de pessoas vivem naqueles territórios [separatistas]. Por isso, fomos obrigamos a tomar esta decisão, claro que com isto acabamos com os acordos de Minsk", explicou o presidente russo.
Putin garantiu que a Rússia vai fornecer assistência militar nas regiões do leste ucraniano de Donetsk e Luhansk. "Se houver um conflito, é claro, se for necessário, cumpriremos as obrigações que assumimos" no acordo assinado ontem à tarde, detalhou.
Sobre a questão da NATO, o chefe de Estado russo volta ainda a defender que a Rússia está "categoricamente contra a participação da Ucrânia na NATO" e que a melhor solução para este caso de conflito seria que a Ucrânia recusasse a participação na Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) uma vez que a integração seria uma "ameaça" para a Rússia.
"A melhor coisa a fazer seria que as autoridades de Kiev tomassem a decisão de não aderir à NATO e se tornassem neutras", sublinha.
"Sempre disse que precisamos resolver a questão de Donbass por meio de negociações pacíficas e através da implementação de acordos de Minsk", no entanto, explica o presidente russo, tudo isso pode mudar se a NATO fornecer "tipos de armas modernas" às autoridades de Kiev.
Envio de tropas russas para o Donbass depende da situação no terreno
O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou também que o envio de tropas russas para a região do Donbass, no leste da Ucrânia, dependerá da situação no terreno, onde os confrontos "continuam" e tendem a agravar-se.
Na conferência de imprensa pediu ainda o reconhecimento internacional da soberania da da Rússia sobre a Crimeia, península ucraniana que Moscovo anexou em 2014, e disse que tudo dependerá do desenvolvimento dos acontecimentos e da "situação no terreno".
O Presidente russo, que falava depois de autorizado pelo Senado a enviar tropas russas para fora do país, afirmou que os combates na zona de conflito "continuam" e tendem a agravar-se.
Recorde-se que Putin assinou ontem dois decretos que pedem ao Ministério da Defesa russo que "as Forças Armadas da Rússia assumam as funções de manutenção da paz no território" das "repúblicas populares" de Donetsk e Lugansk, levando a fortes críticas por parte dos EUA, Reino Unido e ainda Europa.
Em 2014, a Rússia invadiu o leste da Ucrânia e anexou a península da Crimeia, território ucraniano.
A guerra no leste da Ucrânia entre as forças de Kiev e separatistas pró-Rússia fizeram até ao momento mais de 14 mil mortos, de acordo com as Nações Unidas.
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