"Não podem ser aplicados [os princípios da Carta] de forma seletiva. Todos os Estados-membros aceitaram-nos e todos devem aplicá-los", insistiu Guterres, reafirmando que o reconhecimento por Moscovo da "dita independência" das regiões separatistas ucranianas, Donetsk e Lugansk, é "uma violação da integridade territorial e soberania da Ucrânia".
Num discurso forte, o secretário-geral da ONU disse ainda que "quando as tropas de um país entram no território de outro país sem o seu consentimento, não podem ser consideradas forças de paz imparciais", e como tal "não são forças de manutenção da paz", expressão usada pelo Presidente russo Vladimir Putin para justificar uma intervenção militar russa nas "repúblicas" separatistas.
"Deixem-me ser claro: a decisão da Federação Russa de reconhecer a chamada 'independência' de certas áreas das regiões de Donetsk e Lugansk é uma violação da integridade territorial e soberania da Ucrânia", frisou.
No mesmo dia em que Estados Unidos, União Europeia, Reino Unido e outros países anunciaram sanções contra indivíduos e entidades russas, António Guterres disse ainda que o reconhecimento dos territórios separatistas "é um golpe fatal para os Acordos de Minsk aprovados pelo Conselho de Segurança" das Nações Unidas.
Questionado se considerava se havia em "genocídio" em andamento no leste da Ucrânia, como afirmou Vladimir Putin, o secretário-geral da ONU rejeitou essa ideia.
"Não acho que seja o caso", atentou, lembrando que "genocídio é um crime claramente definido".
"Neste momento crítico, peço um cessar-fogo imediato e a restauração do Estado de Direito. É mais do que tempo de retomar o caminho do diálogo e das negociações", argumentou António Guterres.
O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou hoje que o envio de tropas russas para a região do Donbass, no leste da Ucrânia, dependerá da situação no terreno, onde os confrontos "continuam" e tendem a agravar-se.
Numa conferência de imprensa em que também pediu o reconhecimento internacional da soberania da Rússia sobre a Crimeia, península ucraniana que Moscovo anexou em 2014, Putin disse que tudo dependerá do desenvolvimento dos acontecimentos e da "situação no terreno".
O Presidente russo, que falava depois de autorizado pelo Senado a enviar tropas russas para fora do país, afirmou que os combates na zona de conflito "continuam" e tendem a agravar-se.
"Não disse que as tropas vão para lá agora, já a seguir", disse o líder russo aos jornalistas, acrescentando que neste momento é "impossível" prever o que vai acontecer e tudo dependerá da "situação concreta no terreno".
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