Primeiro-ministro de Cabo Verde condena "intervenção militar" na Ucrânia
O primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, condenou hoje, no parlamento, a "intervenção militar" da Rússia na Ucrânia, afirmando que ameaça a segurança global, e pediu uma solução pela via diplomática.
© Lusa
Mundo Rússia/Ucrânia
A intervenção coloca "em elevado risco a paz e a segurança globais, ato que Cabo Verde condena, apelando à procura de soluções por via diplomática e de diálogo", afirmou esta manhã Ulisses Correia e Silva, na abertura do debate mensal na Assembleia Nacional, na Praia.
"Trata-se de riscos e incertezas que podem descambar em crises económicas", acrescentou, discursando num edifício localizado precisamente em frente à Embaixada da Rússia na capital cabo-verdiana.
O Governo de Cabo Verde já demonstrou por várias vezes nos últimos meses a vontade de uma aproximação efetiva à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN/NATO) e não aceitou em 2021 a nomeação da ex-procuradora geral na Crimeia Natália Poklonskaïa como nova embaixadora russa na Praia.
Em 27 de janeiro último, Ulisses Correia e Silva anunciou um entendimento com a Rússia, que deixou cair aquele pedido: "O processo está encerrado, do ponto de vista de Cabo Verde e da Rússia, relativamente à indicação da embaixadora que estava prevista inicialmente".
O chefe do Governo cabo-verdiano confirmou na altura que a Rússia ainda não apresentou a Cabo Verde um pedido de agrément - pedido que antecede a acreditação de uma missão diplomática estrangeira num país - para a nova indigitação para o cargo de embaixador no arquipélago.
"Ainda não, mas em tempo será apresentado seguramente", disse Ulisses Correia e Silva.
Natalia Poklonskaïa, 41 anos, tornou-se em 2014 - após a anexação do território da Crimeia, em março - uma das novas caras da governação de Vladimir Putin na Rússia, ocupando o cargo de procuradora-geral da Crimeia antes de ser eleita deputada em 2016 pelo partido no poder, o Rússia Unida.
O primeiro-ministro cabo-verdiano já tinha avançado em dezembro passado que Cabo Verde e a Rússia ainda estavam a analisar a melhor forma de resolver a polémica à volta do pedido para que Natália Poklonskaïa ocupasse o cargo de embaixadora na capital cabo-verdiana, conforme indigitação feita pelo Presidente russo, Vladimir Putin.
A imprensa internacional noticiou em 2021 que Natalia Poklonskaïa está sob sanções da Ucrânia, União Europeia, Estados Unidos da América, Canadá e Japão, entre outras acusações pendentes, devido à intervenção no processo de anexação da Crimeia pela Rússia.
Na mesma altura, a imprensa internacional noticiou que além do pedido de agrément para a indigitação de Natalia Poklonskaïa, o Governo russo pretendia que a nova embaixadora circulasse em Cabo Verde com pessoal de segurança armado.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu hoje aos líderes mundiais que deem ajuda à defesa da Ucrânia e protejam o espaço aéreo dos ataques russos, sublinhando que a Rússia "desencadeou uma guerra com a Ucrânia e com o mundo democrático".
As tropas russas lançaram, hoje de madrugada, um amplo ataque à Ucrânia, tendo o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, alertado outros países que qualquer tentativa de interferência terá "consequências nunca antes vistas".
Grandes explosões foram ouvidas antes do amanhecer em Kiev, Kharkiv e Odessa, enquanto os líderes mundiais denunciavam o início de uma invasão que pode causar muitas vítimas, derrubar o Governo democraticamente eleito da Ucrânia e ameaçar o equilíbrio pós-Guerra Fria no continente.
Os ucranianos começaram a fugir de algumas cidades, e os militares russos alegaram ter incapacitado todas as defesas aéreas e bases aéreas da Ucrânia em poucas horas.
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