"A paz no nosso continente foi destruída. Temos agora uma guerra na Europa numa escala e tipo que pensávamos pertencer ao passado [...]. Convoco uma cimeira virtual de líderes da NATO para amanhã [sexta-feira] para discutirmos o caminho em frente", declarou Stoltenberg, numa conferência de imprensa no quartel-general da organização, em Bruxelas, após uma reunião do Conselho do Atlântico Norte.
O secretário-geral da Aliança adiantou ainda que na reunião de urgência realizada hoje de manhã, o Conselho do Atlântico Norte -- principal órgão de decisão política da NATO, ao nível dos embaixadores dos países membros -- decidiu ativar os planos de defesa da Aliança.
"Este é um passo prudente e defensivo, para proteger as nações aliadas durante esta crise, e permitir-nos-á deslocar capacidades e forças, incluindo a força de resposta da NATO, para onde for necessário [...]. A missão fundamental da NATO é proteger e defender todos os Aliados. Não deve haver espaço para qualquer erro de cálculo ou mal-entendido: um ataque a um será encarado como um ataque a todos", advertiu.
Apontando que "a Rússia está a recorrer à força para tentar reescrever a História" e "negar à Ucrânia o seu rumo livre e independente", o secretário-geral constatou que, "infelizmente, aconteceu aquilo para o que a NATO alertava há meses" e já se tinha preparado.
"Em resposta à acumulação militar maciça da Rússia, já reforçámos a nossa defesa coletiva, em terra, no mar, e no ar. Nas últimas semanas, os Aliados da América do Norte e da Europa destacaram milhares de tropas adicionais para a parte oriental da Aliança e colocaram outras em prontidão", disse.
Stoltenberg precisou que a Aliança tem "mais de 100 jatos em alerta máximo", para proteger o espaço aéreo da Aliança, e "mais de 120 navios no mar", desde o Ártico até ao Mediterrâneo.
"Tudo isto mostra que o nosso compromisso coletivo de defesa, o Artigo 5º, está revestido a ferro. E continuaremos a fazer o que for necessário para proteger a Aliança da agressão", enfatizou.
A Rússia lançou hoje de madrugada uma ofensiva militar em território da Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que as autoridades ucranianas dizem ter provocado dezenas de mortos nas primeiras horas.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que o ataque responde a um "pedido de ajuda das autoridades das repúblicas de Donetsk e Lugansk", no leste da Ucrânia, cuja independência reconheceu na segunda-feira, e visa a "desmilitarização e desnazificação" do país vizinho.
O ataque foi de imediato condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), União Europeia (UE) e Conselho de Segurança da ONU.
A situação vai ser discutida hoje à noite em Bruxelas pelos chefes de Estado e de Governo da UE, numa cimeira extraordinária.
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