Falando à margem dos resultados financeiros anuais hoje anunciados pelo sexto grupo hoteleiro do mundo, o presidente do Conselho de Administração (CEO), Sébastien Bazin, reagia ao anúncio do presidente russo Vladimir Putin de uma "operação militar" na Ucrânia, seguida de explosões em várias cidades ucranianas.
"Vou cuidar dos meus colaboradores, dos meus clientes que estão lá e tudo fazer para garantir que estão seguros e que, se quiserem sair, eu os possa acolher, seja na Bielorrússia ou na Polónia: temos hotéis em todo o lado", disse Bazin à estação BFM Business.
"Infelizmente para mim, todos os anos há um conflito geopolítico em algum lado: é mais um e estaríamos bem sem ele", continuou o líder da Accor, que opera cerca de 5.300 hotéis e 10.000 restaurantes e bares em 110 países e detém 40 marcas, desde o segmento de luxo ao mais económico, incluindo a Ibis, Sofitel, Novotel, Mercure e Pullman.
Segundo o CEO, "nos próximos 18 meses" o grupo vai questionar-se sobre quais são os seus parceiros e se deve continuar a investir em São Petersburgo e Moscovo", sendo que "a resposta será, provavelmente, que sim, se for uma aposta de cinco a 20 anos, porque é uma região do mundo muito bonita".
Momentos antes, o diretor financeiro do grupo, Jean-Jacques Morin, deixou uma mensagem de tranquilidade relativamente ao impacto financeiro destes acontecimentos na atividade da Accor, que conseguiu voltar ao verde em 2021, com um lucro líquido de 85 milhões de euros, após ter perdido 2.000 milhões de euros no ano anterior devido à pandemia de covid-19, que impactou severamente o setor turístico.
"A Ucrânia, a Rússia, esses países, são muito pequenos no nosso portefólio de hotéis. É uma situação que vamos acompanhar, mas cujo impacto direto é muito limitado", afirmou durante uma teleconferência, assegurando que o grupo vai acompanhar a situação a todo o momento.
A Rússia lançou hoje de madrugada uma ofensiva militar em território da Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocou pelo menos meia centena de mortos, 10 dos quais civis, em território ucraniano, segundo Kiev.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa "desmilitarizar e desnazificar" o seu vizinho e que era a única maneira de o país se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário, dependendo dos seus "resultados" e "relevância".
O ataque foi de imediato condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), União Europeia (UE) e Conselho de Segurança da ONU.
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