O chefe da missão diplomática russa no Japão fez esta declaração horas depois do primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, ter anunciado uma nova ronda de sanções contra a Rússia, que abrangem o controlo das exportações de semicondutores e outros produtos usados para fins militares, bem como o congelamento de fundos de entidades financeiras russas.
"Eu transmiti ao governo japonês que essas ações terão uma resposta, uma resposta séria da nossa parte", disse Galuzin, numa entrevista coletiva no Clube de Correspondentes Estrangeiros do Japão.
"Haverá danos para ambas as partes, tanto para quem é alvo das sanções como para quem as impõe", alertou o embaixador, que não quis revelar mais detalhes sobre a possível retaliação russa.
"Gostaria de sublinhar que a Rússia, nos últimos 40 anos, mostrou que é um exportador confiável de recursos energéticos vitais para a economia europeia, japonesa ou ucraniana", acrescentou Galuzin.
O diplomata sublinhou que as novas sanções japonesas, coordenadas com o G7, "visam isolar e enfraquecer a Rússia" e salientou que "não irão contribuir para o diálogo bilateral" Tóquio-Moscovo sobre um vasto leque de questões, "incluindo a questão do acordo de paz".
Desde o fim da Segunda Guerra Mundial que o Japão mantém uma disputa territorial com a Rússia sobre várias das ilhas Curilas do Sul, chamadas de Territórios do Norte por Tóquio, o que impediu que ambos assinassem um acordo definitivo de paz.
Também hoje, o embaixador ucraniano no Japão, Sergiy Korsunsky, pediu à China para se juntar aos esforços internacionais para impedir "o massacre" russo no país.
"Gostaríamos muito que a China conversasse com [o Presidente russo, Vladimir] Putin e lhe explicasse que é inapropriado no século XXI fazer este massacre na Europa", disse Korsunsky, numa conferência de imprensa, em Tóquio.
O diplomata ucraniano pediu também o apoio dos Estados Unidos e dos aliados, nos quais se inclui o Japão, para fornecer equipamento de defesa antimísseis, para combater os ataques russos com mísseis de cruzeiro.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar em território da Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocou pelo menos meia centena de mortos, 10 dos quais civis, em território ucraniano, segundo Kiev.
Putin disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa "desmilitarizar e 'desnazificar'" o seu vizinho e que era a única maneira de o país se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário, dependendo dos seus "resultados" e "relevância".
O ataque foi de imediato condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), União Europeia (UE) e Conselho de Segurança da ONU.
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