Ucrânia: Rússia possui supremacia militar em todas as áreas de combate

As Forças Armadas ucranianas procuram resistir à investida militar da Rússia, apesar de uma larga discrepância de recursos no setor militar entre os dois países, que revelam uma supremacia militar russa em todas as áreas de combate.

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Lusa
25/02/2022 17:45 ‧ 25/02/2022 por Lusa

Mundo

Ucrânia/Rússia

A reforma militar na Rússia de 2008 - na sequência da guerra com a Geórgia, quando o Kremlin decretou uma alteração profunda do seu setor militar - obrigou a cortes significativos no poder de fogo da Rússia - que tinha sido herdado da União Soviética na era da Guerra Fria - obrigando as Forças Armadas da Federação Russa a diminuírem significativamente o seu contingente humano e o seu armamento.

Em 2012, o número de unidades militares terrestres tinha sido diminuído de 1.870 para 172 (um corte de 90%) e a força aérea teve um corte de cerca de 50% nos seus efetivos, fragilizando a sua posição militar geopolítica.

Ainda assim, a Rússia permanece como uma das mais relevantes potências mundiais, com um efetivo militar muito mais poderoso do que o da Ucrânia, apesar das ajudas externas (em particular dos Estados Unidos) recebidas por Kiev nos últimos meses.

De acordo com o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IIEE), a Rússia dispõe de um orçamento militar de entre 35 mil e 60 mil milhões de euros anuais, que permitem alimentar um contingente humano de cerca de 900.000 soldados no ativo e cerca de dois milhões de reservistas.

Estes números comparam com cerca de 195.000 soldados, do lado da Ucrânia, segundo o IIEE, divididos entre 125 mil tropas terrestres, 35.000 tropas aéreas e 15.000 tropas navais, para além dos cerca de 900.000 reservistas, que foram agora chamados para o ativo pelo Presidente Volodymyr Zelensky.

O poder de fogo da Ucrânia está essencialmente concentrado no Exército, que conta com 2.000 tanques de guerra, 1.960 peças de artilharia e 2.870 veículos armados, dispondo ainda de cerca de 400 mísseis ar-terra e 2.000 armas anti-tanque que foram recentemente fornecidas pelo Reino Unido.

No ar, a Ucrânia possui 146 aviões de guerra, incluindo 69 caças, e 42 helicópteros de ataque e dispõe de apenas 38 navios de guerra no ativo, não tendo qualquer porta-aviões nem submarino.

A Rússia tem 280.000 soldados do Exército no ativo, mais de 165.000 soldados aerotransportados e 150.000 efetivos navais.

O poder de fogo da Rússia distribui-se por mais de 13.000 tanques de guerra, cerca de 6.000 peças de artilharia e 20.000 veículos armados, para além de um vasto arsenal de mísseis (cujo número o Kremlin nunca divulgou, mesmo durante as negociações para a expansão do tratado de desarmamento com os Estados Unidos).

Sabe-se que a Rússia tem mais dezenas de bases de lançamento de mísseis balísticos, com capacidade nuclear, o trunfo que fica reservado como elemento de dissuasão, até agora.

No ar, segundo o IIEE, a Rússia dispõe de 4.100 aviões de guerra, incluindo 772 caças.

No mar, está outro ponto forte da Rússia, com mais de 600 navios de guerra, incluindo um porta-aviões e 70 submarinos.

Estas diferenças refletem também as diferenças territoriais dos dois países: apesar de se tratar dos dois maiores países da Europa, a Rússia é o país com maior território em todo o mundo, sendo 28 vezes o tamanho da Ucrânia.

Em termos populacionais, a Ucrânia tem 44 milhões de pessoas e a Rússia tem 144 milhões de pessoas.

Ainda assim, nos últimos meses - perante o cenário de ameaça de um intervenção russa no leste da Ucrânia, onde separatistas pró-Rússia recebiam apoio de Moscovo na luta contra as forças governamentais - Kiev recebeu uma forte ajuda militar, por parte dos Estados Unidos e de vários países europeus.

Esta semana, no seu discurso de condenação à invasão russa, o Presidente dos EUA, Joe Biden, lembrou a ajuda militar dada a Kiev durante 2021, de cerca de 650 milhões de dólares (cerca de 600 milhões de euros), a que se juntou uma ajuda de cerca de 200 milhões de dólares (cerca de 180 milhões de euros) nas últimas semanas, em plena escalada da crise.

Nos últimos dias, as forças ucranianas têm sido reforçadas com equipamento militar, desde mísseis defensivos até fardamento, passando por aviões de guerra, num esforço de dotar Kiev de maior capacidade de resistência à supremacia russa.

A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram pelo menos 120 mortos, incluindo civis, e centenas de feridos, em território ucraniano, segundo Kiev. A ONU deu conta de 100.000 deslocados no primeiro dia de combates.

O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa "desmilitarizar e desnazificar" o seu vizinho e que era a única maneira de o país se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário, dependendo de seus "resultados" e "relevância".

O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), União Europeia (UE) e Conselho de Segurança da ONU, tendo sido aprovadas sanções em massa contra a Rússia.

Leia Também: Ucrânia: Chefes da diplomacia da UE acordam sancionar Putin e Lavrov

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