Em causa está uma resolução copatrocinada pelos Estados Unidos e Albânia, condenando a Rússia, "nos termos mais fortes", pela sua "agressão contra a Ucrânia" e pedindo-lhe que retire "imediatamente" as suas tropas daquele país vizinho.
O texto, apoiado por dezenas de países de todo o mundo, obteve o apoio de 11 dos 15 membros do Conselho de Segurança, três abstenções e um único voto contra, da Rússia.
Sendo um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança (P5), a Rússia tem poder de veto nas votações.
China, Índia e Emirados Árabes Unidos foram os países que se abstiveram.
O Brasil, um dos países cujo voto estava em dúvida, acabou por apoiar a resolução após insistir durante as negociações na necessidade de ser mantido um equilíbrio que permita denunciar as ações russas, mas não fechar a porta à possibilidade de negociações para travar o conflito.
Antes da votação, o embaixador ucraniano na ONU, Sergiy Kyslytsya, considerou que a votação representaria "um momento da verdade": É saber "quem está do lado certo", disse.
Apesar de os Estados Unidos e outros apoiantes da resolução anteverem que a resolução não seria aprovada, tendo em conta o já previsto veto da Rússia, argumentaram que a votação destacaria o isolamento internacional de Moscovo.
A sala onde o Conselho de Segurança se reuniu em Nova Iorque, apesar do resultado, transformou-se num local de pressão internacional sobre a Rússia e de definição das posições dos Governos.
A embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, reagiu ao fracasso da resolução enfatizando que não é uma surpresa e insistiu que a Rússia acabará por ser responsabilizada pelos seus atos.
"A Rússia pode vetar esta resolução, mas não pode vetar as nossas vozes, não pode vetar a verdade, não pode vetar o povo ucraniano", insistiu a diplomata norte-americana.
"A história julgar-nos-á por ações ou pela falta delas", acrescentou.
Espera-se agora, após o veto da Rússia, que o projeto de resolução seja levado aos 193 membros da Assembleia Geral da ONU.
Após meses de tensões, a Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram pelo menos mais de 120 mortos, incluindo civis, e centenas de feridos, em território ucraniano, segundo Kiev. A ONU deu conta de 100.000 deslocados no primeiro dia de combates.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa "desmilitarizar e desnazificar" o seu vizinho e que era a única maneira de o país se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário, dependendo de seus "resultados" e "relevância".
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), União Europeia (UE) e Conselho de Segurança da ONU, tendo sido aprovadas sanções em massa contra a Rússia.
[Notícia atualizada às 00h01]
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