Numa conferência de imprensa, o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, desconfiou das palavras de Putin, que disse hoje num telefonema com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, que está disposto a realizar "negociações de alto nível" com a Ucrânia.
"Não vimos nenhuma indicação de que Putin esteja preparado para reduzir a escalada. Não vimos nenhuma indicação de que pretenda criar as condições para uma solução diplomática", respondeu Price.
O porta-voz criticou que "Moscovo quer que a diplomacia seja realizada com o cano de uma arma e foguetes apontados ao povo ucraniano", ressaltando que essas "não são condições" para uma negociação.
"Se o presidente Putin leva a diplomacia a sério, ele sabe o que tem a fazer: deve parar imediatamente de bombardear civis e retirar as tropas da Ucrânia", apontou Price.
Questionado sobre a possibilidade os Estados Unidos sancionarem o próprio Putin, se a invasão prosseguir, o porta-voz do Departamento de Estado afirmou que "todas opções estão em cima da mesa".
Da mesma forma, Ned Price aplaudiu os "milhares" de russos que saíram às ruas nas últimas horas para protestar contra a invasão da Ucrânia.
"Respeitamos a sua bravura e heroísmo. Eles [russos] estão na rua a exigir que o Governo russo pare com esta guerra injustificada e premeditada", disse.
Perante o aviso emitido pelo Kremlin de que haverá consequência se a Finlândia e a Suécia aderirem à NATO, Ned Pric respondeu que as portas da Aliança "continuam abertas" e que cabe a esses países decidir se aderem ou não.
Após meses de tensões, a Rússia lançou esta semana uma operação militar na Ucrânia que começou com bombardeiros em vários centros urbanos e continuou com envio de tropas, estando hoje unidades militares russas a apartar o cerco a Kiev.
Em reação ao ataque russo, atingiu a Rússia com sanções a bancos e a oligarcas, bem como restrições às exportações de alta tecnologia para território russo, entre outras medidas.
O conflito já custou a vida de 137 ucranianos e outros 316 ficaram feridos, de acordo com o Governo da Ucrânia, e, além disso, milhares de pessoas tiveram de fugir para o oeste do país ou para países vizinhos, como a Moldávia, Polónia, Roménia e Eslováquia.
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