Mísseis antiaéreos equivalem a zona de exclusão aérea, diz o Reino Unido
O ministro da Defesa britânico, Ben Wallace, afirmou hoje que os mísseis antiaéreos entregues pelos países ocidentais à Ucrânia terão quase o mesmo efeito que uma zona de exclusão aérea da NATO, mas sem implicar o mesmo risco.
© Reuters
Mundo Ucrânia/Rússia
Durante uma visita à capital da Estónia, Tallinn, Wallace observou que uma zona de exclusão aérea, pedida pelas autoridades de Kiev para travar a supremacia aérea russa, também afetaria a força aérea ucraniana e os drones que esta tem usado com sucesso contra unidades blindadas russas.
Acrescentou ainda que as aeronaves russas parecem operar menos durante o dia, devido ao risco de serem abatidas pelos mísseis Stinger e sistemas de defesa aérea semelhantes.
Além disso, o ministro alertou que a implementação de uma zona de exclusão aérea não impediria que os russos continuassem a usar artilharia terrestre e mísseis de longo alcance para atacar alvos na Ucrânia.
Perante comparações com a zona de exclusão aérea declarada pela NATO em partes da ex-Jugoslávia em 1999, Wallace apontou que naquela época o adversário eram forças relativamente fracas, enquanto agora a Aliança Atlântica enfrentaria a possibilidade de ter que abater caças russos.
O ministro enfatizou que se uma aeronave de um país membro da NATO fosse atacada, isso desencadearia o artigo 5 do tratado transatlântico, ou seja seria tratado como um ato de guerra contra a Aliança como um todo.
O ministro da Defesa da Estónia, Kalle Laanet, declarou que a NATO demorou muito para perceber a gravidade da ameaça em que a Rússia se converteu nos últimos anos sob liderança do Presidente Vladimir Putin.
Nesse sentido, referiu-se à "guerra híbrida" promovida pela Bielorrússia, principal aliado de Moscovo, com a chegada de migrantes em situação irregular às fronteiras da Polónia e da Estónia.
No entanto, indicou que, em sua opinião, atualmente não há ameaça militar à Estónia, enquanto Wallace alertou que as "ambições territoriais" de Moscovo "não terminam na Ucrânia".
O ministro britânico observou, no entanto, que a Rússia corre o risco de ficar isolada "durante décadas" se não acabar com a guerra, com o boicote internacional tanto de países não pertencentes à NATO, como de empresas globais.
Wallace e Laanet também concordaram que a presença da NATO na Europa de leste está a mudar de uma missão de dissuasão para uma missão defensiva, aumentando o número de tropas na região.
O núcleo do grupo de batalha da NATO na Estónia é composto por tropas britânicas e foi recentemente reforçado com várias centenas militares e veículos blindados.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades. As autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças, e, segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de um milhão refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia, entre outros países.
O Presidente russo, Vladimir Putin, justificou a "operação militar especial" na Ucrânia com a necessidade de desmilitarizar o país vizinho, afirmando ser a única maneira de a Rússia se defender e garantindo que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional, e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.
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