BBC suspende "temporariamente" trabalho dos jornalistas na Rússia
Em causa está uma iniciativa legislativa, aprovada esta sexta-feira pelo parlamento da Rússia, que pune quem espalhar informações “falsas” sobre o exército do país.
© Reuters
Mundo Guerra na Ucrânia
A BBC anunciou, esta sexta-feira, que irá “suspender temporariamente” o trabalho de todos os seus jornalistas na Rússia, enquanto “avalia todas as implicações” de uma nova lei aprovada hoje pelo parlamento russo.
A iniciativa legislativa pretende punir quem espalhar informações “falsas” sobre o exército do país e será o governo russo a decidir quais são as notícias verdadeiras ou falsas. As penas podem ir até aos 15 anos de prisão.
Para Tim Davie, diretor-geral da BBC, a “legislação parece criminalizar o processo de jornalismo independente” e “não há outra opção a não ser suspender temporariamente o trabalho de todos os jornalistas da BBC News e das respetivas equipas de apoio, enquanto se avalia as implicações desde desenvolvimento indesejado”.
BBC statement on reporting from within Russia.
— BBC Press Office (@bbcpress) March 4, 2022
Reacting to new legislation passed by the Russian authorities, BBC Director-General Tim Davie says: pic.twitter.com/uhowHW3jkr
Em comunicado, o responsável frisou que o serviço da BBC News em russo continuará operacional fora da Rússia, mas “a segurança dos funcionários é primordial”. “Não estamos preparados para expô-los ao risco de processos criminais simplesmente por fazerem o seu trabalho. Gostaria de prestar uma homenagem a todos, pela sua coragem, determinação e profissionalismo”, afirmou.
Segundo um comunicado do Kremlin, a nova lei condena com multas ou pena de prisão de até três anos quem, intencionalmente, propagar informações “falsas” sobre a atuação das forças armadas. No caso de se tratar de um grupo organizado esta pena pode ir até aos 10 anos, e caso haja agravante, esta pena pode ir até aos 15 anos de prisão.
Este é o nono dia desde a invasão da Ucrânia por ofensivas russas. Segundo os últimos dados, mais de dois mil civis ucranianos morreram desde então e mais de um milhão de pessoas abandonaram o país, metade das quais são crianças.
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