"Esse comité de gestão trouxe para o hospital melhorias significativas", afirmou o médico guineense.
O comité de gestão envolve os ministérios da Saúde e Finanças, organização não-governamentais, sociedade civil e sindicatos do setor e é presidido pelo diretor-geral do Hospital Nacional Simão Mendes, principal unidade hospitalar da Guiné-Bissau.
Segundo Sílvio Coelho, especialista em dermatologia, o comité de gestão fez alterações profundas no hospital.
Além das obras de melhoria nos diversos edifícios do hospital, os medicamentos no contexto de urgência e de emergência passaram a ser totalmente gratuitos, tal como a assistência a gestantes, crianças até aos cinco anos e maiores de 60 anos.
O comité de gestão definiu também novas tabelas de preços e as cirurgias passaram a ser gratuitas.
O médico explicou que as consultas de especialidade custam agora 1.000 francos cfa (cerca de 1,5 euros), o pacote de análises 2.000 francos cfa (cerca de três euros) e que os restantes exames, como as radiografias, passaram a custar 2.500 francos (cerca de 3,80 euros) e que também foi criada uma equipa de manutenção dos equipamentos.
"Tudo isso está naquele contexto de melhoria significa da prestação dos cuidados de saúde. Como é sabido, para a nossa população, que tem condições económicas muito baixas, vir ao hospital e ser prescrita uma certa medicação para ir comprar lá fora representa um certo gasto e o Governo está a subvencionar todo o tratamento em caso de emergência e urgência", explicou.
A farmácia do hospital é atualmente gerida pela organização não-governamental AIDA e durante o ano de 2021 entregou medicamentos gratuitos a 73.118 utentes.
"Hoje dá-se refeição de acordo com as patologias dos doentes e isso é muito bom. Estamos a falar de um país onde as pessoas diariamente não têm três refeições. Aqui no hospital já é garantido para os utentes hospitalizados, mas também para as pessoas que os assistem", disse.
Mas, segundo o diretor-geral, ainda há coisas para fazer, nomeadamente a capacitação de técnicos e a aquisição de novos medicamentos.
"Hoje já estamos a pensar em comprar um aparelho para fazer tomografias. Mas quando se pensa em adquirir esses equipamentos é preciso também ter técnicos treinados para fazer os diagnósticos", afirmou.
O médico salientou também que as "respostas do Governo" obrigam a novos desafios, que passam pela qualificação dos profissionais de saúde, dando, por exemplo, formações internas sobre atendimento humanizado e cobranças ilegais.
Sílvio Coelho recordou igualmente que têm sido estabelecidos acordos de cooperação, que permitiram o envio de uma "equipa robusta de médicos nigerianos" e que para breve deve chegar uma equipa de médicos espanhóis.
"Tem havido investimentos, na minha modesta opinião, nunca antes vistos no setor da saúde e isso é bom de salientar. Fora disso contamos também com um maior número de quadros, jovens formados que estão dispostos a trabalhar e um grupo considerável de pessoas que já estão a terminar as suas carreiras e que hoje funcionam como conselheiros dos mais jovens", afirmou.
Em 2021, além de ter fornecido medicamentos gratuitos a mais de 73 mil utentes, o Hospital Nacional Simão Mendes deu 44.212 consultas, teve 12.388 internamentos e realizou 958 cesarianas e 620 cirurgias.
O diretor-geral salientou que em 2021, que foi marcado por uma greve anual no setor, o hospital teve uma média de atendimento diário de 212 pessoas.
O Hospital Nacional Simão Mendes em Bissau tem 292 médicos, incluindo 20 especialistas e 630 enfermeiros.
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