A representante da rede na Guiné-Bissau, Elisa Tavares Pinto, disse à Lusa que as mulheres da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) "não podem ficar de braços cruzados" perante o que se passa no conflito no leste europeu.
Elisa Tavares Pinto observou que o conflito "já está a afetar muitos cidadãos africanos" e considerou preocupantes relatos de que jovens do continente poderão estar a ser aliciados para "irem lutar numa guerra que não lhes diz respeito".
No seu comunicado, produzido num encontro realizado em Dacar, no Senegal, as mulheres da África Ocidental chamam a atenção dos jovens africanos, particularmente os do Senegal, onde existem relatos de alegados aliciamentos naquele sentido.
"A rede exorta os jovens senegaleses, africanos em geral, a não se deixarem manipular e a não participarem num conflito que não lhes diz respeito", assinala-se no comunicado.
As mulheres da África Ocidental alertam ainda para o "comportamento discriminatório" de cidadãos africanos que vivem na Ucrânia "por parte de forças de segurança, cidadãos e elementos ligados à logística" quando tentam sair do país.
Baseando-se nos relatos dos órgãos de comunicação social, as mulheres da África Ocidental denunciam situações em que cidadãos africanos estão a ser impedidos de ter acesso aos meios de transporte e medidas de proteção como alimentos, cobertores e centros de acolhimento.
Exortam ainda a CEDEAO e a União Africana a tomarem "medidas necessárias" para o repatriamento de cidadãos africanos que se encontrem em perigo na Ucrânia e ainda a zelar para que os jovens do continente "não sejam usados como carne para canhão" no conflito.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que, segundo as autoridades de Kiev, já fez mais de 2.000 mortos entre a população civil.
Os ataques provocaram também a fuga de mais de 1,5 milhões de pessoas para os países vizinhos, de acordo com a ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.
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