O líder da Igreja Ortodoxa da Rússia, o patriarca Kirill, culpou as marchas de orgulho gay e valores liberais ocidentais pela invasão russa à Ucrânia, no sermão que deu no domingo.
Para o patriarca, a guerra é sobre “de que lado de Deus a humanidade estará”. Coloca, assim, em dois lados distintos os "defensores dos eventos do orgulho gay", bem como os "governos ocidentais que os permitem", e quem se opõe a estes valores no leste pró-russo da Ucrânia (regiões separatistas de Donetsk e Lugansk), segundo relata o jornal The Moscow Times.
“As marchas do orgulho são projetadas para demonstrar que o pecado é uma variação do comportamento humano. É por isso que, para se juntar ao clube desses países, tem que se ter uma marcha do orgulho gay”, disse no seu sermão de 'Domingo do Perdão'.
Para Kirill, as marchas de orgulho gay foram um "teste de lealdade" aos governos ocidentais e as repúblicas separatistas da Ucrânia "rejeitaram fundamentalmente [esse teste]".
Ou seja, de acordo com o líder da igreja ortodoxa, o Ocidente organiza genocídios nos países que se recusam a organizar este tipo de marchas e como não houve marchas gays em Donbass, começou uma guerra.
Russian Orthodox Patriarch Kirill unsurprisingly endorsing Putin’s narrative on Ukraine in a sermon today. According to him the West essentially organises genocide campaigns against countries that refuse to stage gay parades 🤯 pic.twitter.com/mXc89tXj4m
— Matthew Luxmoore (@mjluxmoore) March 6, 2022
E vai mais longe. Kirill defende que "se a humanidade aceitar que o pecado não é uma violação da lei de Deus, se a humanidade aceitar que o pecado é uma variação do comportamento humano, então a civilização humana terminará aí".
Recorde-se que a Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar contra a Ucrânia sob pretexto de querer "desnazificar" o país.
De acordo com as autoridades de Kyiv, a guerra, que já conta com 12 dias de destruição, já fez mais de 2.000 mortos entre a população civil e terá já provocado 11 mil baixas entre os soldados russos, informação que o Kremlin não confirma.
Os ataques provocaram também a fuga de mais de 1,7 milhões de pessoas para os países vizinhos, de acordo com a ONU, e estima-se que esse número possa vir a aumentar, tornando-se esta a maior crise de refugiados na Europa nos últimos anos.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e com o reforço de sanções económicas a Moscovo.
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