O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Polónia revelou, em comunicado, que o país está preparado para enviar os caças da era soviética, solicitando ao mesmo tempo aos Estados Unidos quem forneçam à Polónia aviões de combate com "capacidades operacionais correspondentes".
Esta decisão será o finalizar de um acordo que permite à Ucrânia utilizar aqueles caças contra as forças russas, pois os pilotos ucranianos estão treinados para pilotar caças da era soviética, enquanto a Polónia recebe caças F-16 norte-americanos para compensar esta perda, segundo a agência AP.
"As autoridades da República da Polónia, após consultas com o Presidente e o governo, estão prontas para transferir todas as suas aeronaves MiG-29 para a base de Ramstein [na Alemanha] sem demora e gratuitamente e disponibilizá-las ao governo dos Estados Unidos", pode ler-se no comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
O governo polaco especifica que esta decisão é tomada "na sequência de uma declaração do secretário de Estado norte-americano sobre a entrega de aviões à Ucrânia".
A Polónia insta ainda os outros estados membros da NATO proprietários de caças MiG-29 a seguirem o seu exemplo.
Os Estados Unidos manifestaram-se hoje "surpreendidos" com este anúncio da Polónia.
"Que eu saiba, eles não nos consultaram antes. Acho que é um anúncio surpresa dos polacos", destacou a número três da diplomacia norte-americana, Victoria Nuland, durante uma audiência parlamentar.
Victoria Nuland especificou que, antes da audiência, esteve numa reunião onde teria ouvido algo se a decisão tivesse sido objeto de coordenação entre Washington e Varsóvia.
"Mas, como se sabe, estamos a conversar com eles há alguns dias sobre esse pedido dos ucranianos para receberem os seus aviões", lembrou.
A Polónia tem cerca destas 30 aeronaves desenhadas pelos soviéticos mas, segundo relatos dos 'media', apenas 23 estão tecnicamente operacionais para serem enviadas para Ramstein.
No domingo, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, tinha referido, durante uma visita à Moldova, que os norte-americanos estavam a "trabalhar ativamente" num acordo com a Polónia para enviar aqueles aviões para a Ucrânia combater a invasão russa.
O primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, explicou na segunda-feira que a Polónia não tinha planos para enviar para a Ucrânia aviões caça ou pilotos militares, fora do âmbito da NATO, nem para disponibilizar os seus aeroportos.
Na terça-feira passada, o Presidente da Polónia, Andrzej Duda, tinha rejeitado o envio de combatentes para a Ucrânia, justificando que isso "significaria uma interferência militar no conflito".
Segundo noticiou a imprensa polaca, o Ministério da Defesa russo considera que "os países que utilizam os seus aeroportos para disponibilizar à Ucrânia aviões de combate podem ser considerados participantes no conflito".
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 406 mortos e mais de 800 feridos entre a população civil e provocou a fuga de mais de dois milhões de pessoas para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.
[Notícia atualizada às 23h14]
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