O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, acusou a Alemanha de fazer “muito pouco” enquanto “morrem pessoas na Ucrânia”, apesar de reconhecer que “admitiu erros” do passado.
Num artigo de opinião, publicado no jornal alemão Die Welt, o político começou por lembrar Tanya, a menina de seis anos que morreu por desidratação em Mariupol, e todas as crianças que morreram desde a invasão russa da Ucrânia, acusando a Rússia de “cometer crimes de guerra bárbaros e crimes contra a humanidade numa escala não vista na Europa desde a Segunda Guerra Mundial”.
O ministro frisa que a Alemanha foi “avisada” sobre o conflito e que se recusou a enviar armas à Ucrânia, alegando “histórias de ‘responsabilidade histórica’”. No entanto, diz que tais “histórias de responsabilidade histórica” estendiam-se “aos russos, mas não aos ucranianos”. “Pedimos que não criassem o [gasoduto] Nord Stream 2. Mas disseram-nos que era um projeto puramente ‘comercial’”, atirou.
Kuleba considera que a Alemanha “finalmente admitiu os seus erros” ao “fornecer armas”, “interromper o gasoduto russo” e “apoiar as sanções contra a Rússia” - as primeiras que são “verdadeiramente sérias”.
Mas questiona: “Por que é que isso não podia ter sido feito quando foi solicitado?”
Admitindo que Hitler era “um mal único”, o ministro comparou o antigo ditador alemão ao presidente russo, Vladimir Putin. “O nível de ódio, destruição e dor que Putin está a causar não era visto na Ucrânia e na Europa desde 1940”, frisou.
Por isso, pede “mais armas” e o encerramento do espaço aéreo ucraniano, além de “sanções ainda mais duras” e a “proibição de combustíveis russos”, e agradece “as decisões já tomadas nas últimas duas semanas”.
“Pode parecer que fizeram uma proeza ao tomar uma série de decisões importantes, mas enquanto as pessoas continuarem a morrer na Ucrânia, vocês continuam a fazer muito pouco”, escreveu.
Agora, diz Kuleba, aproximou-se o momento em que a Alemanha tem de decidir se se “tornará uma nação líder no apoio à Ucrânia e no combate ao mal russo” ou se “enfrentará uma nova dívida histórica por vidas perdidas e cidades destruídas”.
Ao 14.º dia da invasão russa da Ucrânia, registam-se mais de dois mil civis mortos, entre as quais 38 crianças, segundo dados das autoridades ucranianas. Mais de dois milhões de pessoas abandonaram o país.
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