Numa sessão extraordinária a 27 de fevereiro no Parlamento alemão para avaliar a situação na Ucrânia, três dias depois do país ter sido invadido pela Rússia, o chanceler Olaf Scholz anunciou, além disso, que o investimento anual em Defesa será aumentado para mais de 2% do produto interno bruto (PIB).
"Isto poderia criar um ecossistema industrial de defesa muito mais forte e mais inovador. Um maior envolvimento da Alemanha na defesa europeia (...) permitiria também que outros países, particularmente os da Europa Central e Oriental, se apoiassem na presença das tropas alemãs e na prontidão do combate", salientou Loss, em declarações à agência Lusa.
"No contexto da União Europeia, tem sido a Alemanha a estar frequentemente relutante em envolver-se intelectualmente nas discussões sobre a segurança e defesa europeias. Mesmo que não exista um veto alemão, a sua falta de envolvimento significa muitas vezes que as iniciativas de outros acabam por se esgotar", considerou.
De acordo com um estudo de centro Infratest realizado de 28 de fevereiro a 02 de março, a maioria dos alemães é a favor do aumento do investimento na defesa. Apenas 8% dos entrevistados que votaram na União Democrata Cristã (CDU) nas últimas eleições se mostraram contra. Do lado do Partido Social Democrata (SPD, o partido de Scholz), apenas 9%.
Uma grande percentagem dos 1.320 adultos entrevistados admitiu ter mudado de opinião depois da invasão da Ucrânia pela Rússia.
"O discurso de Scholz e as observações de outros decisores políticos deixam-me algo otimista quanto à possibilidade de a Alemanha estar à altura do desafio de repensar a segurança e a defesa para uma competição estratégica a longo prazo com a Rússia, mas também com a China", confessou Rafael Loss.
Para o tenente-coronel Florian Schöne, poderá haver "avanços" em projetos de armamento multinacionais e europeus, se estes tiverem garantias de permanência "a longo prazo".
"O dinheiro terá de ser gasto, pelo menos em parte, em investigação e desenvolvimento, podendo reforçar a indústria de armamento europeia e prepará-la para o futuro", considerou o analista da divisão de Segurança Internacional do SWP, o Instituo Alemão de Assuntos Internacionais e de Segurança.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que até terça-feira causou a morte de pelo menos 516 civis, incluindo 41 crianças, segundo a ONU, que assinala que "os números reais são consideravelmente mais elevados". A guerra também já provocou mais de dois milhões de refugiados.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.
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