"[...] Com base numa variedade de fatores, os ucranianos não estavam prontos como eu achava que deveriam estar. Por isso, questionei a vontade deles de lutar. Essa foi uma má avaliação da minha parte, porque eles lutaram com bravura e honra e estão a fazer a coisa certa", disse o diretor da Defense Intelligence Agency, o tenente-general Scott Berrier.
Scott Berrier testemunhou ao lado de outros altos funcionários norte-americanos perante a Comissão de Inteligência do Senado dos Estados Unidos.
"Fizemos algumas suposições [...] que provaram estar erradas. Penso que avaliar a determinação, a moral e a vontade de lutar é uma tarefa analítica muito difícil. Tivemos diferentes contribuições de diferentes organizações e nós - na minha perspetiva como diretor - não no saímos tão bem como poderíamos", referiu Scott Berrier.
Assim como o Presidente russo, Vladimir Putin, pareceu ter julgado mal a capacidade do seu Exército de subjugar as Forças Armadas inferiores da Ucrânia, os Estados Unidos também o fizeram, disse o diretor da Defense Intelligence Agency, que lidera o braço direito de inteligência do Pentágono.
O reconhecimento de Scott Berrier segue as linhas de outro erro no Afeganistão, cujo Governo apoiado pelos Estados Unidos cedeu mais rápido para os talibãs do que era esperado em Washington.
As autoridades acreditavam que as forças afegãs -- treinadas e financiadas pelos Estados Unidos -- poderiam resistir por vários meses após a retiradas dos militares norte-americanos.
Em vez disso, sem poder aéreo e apoio de inteligência dos Estados Unidos, as forças afegãs desistiram de muitas cidades sem lutar em agosto passado.
A diretora da National Intelligence, Avril Haines, disse que Vladimir Putin subestimou a resistência dos ucranianos.
"Nós não nos saímos tão bem na previsão dos desafios militares que ele [Vladimir Putin] encontros nos seus próprios militares", acrescentou.
Questionada se a Casa Branca estava a pressionar analistas para avaliar se a transferência de aviões seria vista como uma escalada, Avril Haines respondeu que a objetividade era um "princípio ético" da inteligência.
Na quarta-feira, os Estados Unidos rejeitaram, em definitivo, a proposta da Polónia de entregar os seus aviões de combate MiG-29 ao Exército norte-americano, que depois seriam encaminhados para as forças ucranianas, revelou fonte do Pentágono.
"Os serviços de inteligência acreditam que a transferência [das aeronaves MiG-29] para a Ucrânia pode ser percebida como uma vantagem [para o conflito] e pode levar a uma reação russa significativa, que aumentaria a perspetiva de uma escalada militar com a NATO", sublinhou o porta-voz do Pentágono, John Kirby, em conferência de imprensa.
Na terça-feira, o governo polaco tinha manifestado a intenção de enviar todos os seus aviões de combate MiG-29 para uma base aérea dos Estados Unidos na Alemanha, abrindo caminho ao uso dos aparelhos pelas forças militares ucranianas, conforme solicitado pelo Governo de Kiev.
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