Agendada há muito pela atual presidência francesa do Conselho da UE, esta cimeira era consagrada integralmente à economia, mas a invasão da Ucrânia pela Rússia, na madrugada de 24 de fevereiro, e as consequências do conflito militar para o bloco europeu impuseram inevitavelmente alterações na ordem de trabalhos da cimeira, cujo primeiro dia foi consagrado a questões de defesa e energia.
Hoje, no entanto, na segunda sessão de trabalhos, com início às 10:00 locais (09:00 de Lisboa), os chefes de Estado e de Governo dos 27, entre os quais o primeiro-ministro António Costa, vão discutir então como construir "uma base económica mais robusta", tendo já em conta, entre outros, os aumentos dos preços da energia e os efeitos de 'ricochete' das pesadas sanções impostas pelo bloco europeu à Rússia.
Na discussão de hoje participarão também a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, e o presidente do Eurogrupo, Paschal Donohoe.
Na semana passada, a Comissão Europeia já admitiu que a invasão militar da Ucrânia pela Rússia terá consequências económicas na Europa difíceis de quantificar nesta fase e poderá colocar em questão o anunciado regresso às regras de disciplina orçamental em 2023.
Depois de, ao longo dos últimos meses, o executivo comunitário ter afastado a possibilidade de prolongar além de 2022 a suspensão temporária das regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC), ativada há dois anos devido à pandemia da covid-19, o executivo comunitário, por ocasião da apresentação das orientações de política orçamental para 2023, admitiu que, "face à atual incerteza" provocada pela guerra na Ucrânia, será necessário "reavaliar a esperada desativação da cláusula de escape" no próximo ano.
Bruxelas admite que a ofensiva militar lançada na última quinta-feira pelo exército russo irá provavelmente forçar a uma revisão em baixa das previsões económicas, e reserva por isso para meados de maio, por ocasião das projeções da primavera, uma nova avaliação da planeada desativação da cláusula de escape do PEC.
A Comissão Europeia admite designadamente que a guerra e possíveis retaliações da Rússia às sanções impostas pela UE tenham "um impacto negativo no crescimento, com repercussões nos mercados financeiros, novas pressões sobre os preços da energia, estrangulamentos mais persistentes da cadeia de abastecimento e efeitos na confiança".
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