Alex e Maria são um casal de russos que se viu obrigado a fugir da cidade onde moravam, Kharkiv, na Ucrânia, para a Polónia. Com um filho de apenas um mês, Alex queria acreditar no que dizia o presidente do seu país, Vladimir Putin, de que seria uma 'operação militar especial' que os civis não precisavam temer.
"Dois a três dias" era o tempo que o russo acreditava que duraria a invasão, mas tal não aconteceu. Não queriam acreditar que teriam de abandonar a sua casa em busca de segurança, descreve o jornal espanhol El País.
Atualmente, Alex, Maria e os três filhos - de 18 e 14 anos e um bebé de um mês - encontram-se num centro de receção de refugiados em Hrubieszow, na Polónia.
“Temos vergonha de ter um passaporte russo. Nós odiamos Putin", afirma Alex que acrescenta que ele e a família se tornaram "reféns desta situação".
Sobre os amigos e família que mantêm na Rússia, o casal diz que se tornaram "zombies" devido à forte máquina de propaganda no país que os faz acreditar que na Ucrânia são "neonazis".
Alex e Maria nasceram na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) que existiu até 1991. Viveram a maior parte das suas vidas no Extremo Oriente russo, mas há mais de 10 anos que vivem em Kharkiv, Ucrânia, onde moravam também o pai russo e a mãe ucraniana de Alex.
“Gostamos do clima quente e da bela cidade. Além disso, fala-se russo e nunca houve problemas por motivos étnicos. Recebemos autorizações de residência permanente e é onde nasceu o nosso [último] filho, que registamos como cidadão de Kharkiv. E lá vivíamos felizes até 24 de fevereiro, dia que mudou as nossas vidas”.
O casal não autoriza ser fotografado de frente, de forma a ser identificado, por medo de represálias. Temem que a sua origem na Rússia lhes cause problemas e condenam a invasão russa iniciada na madrugada de 24 de fevereiro.
A guerra na Ucrânia já conta com 17 dias e apesar da ofensiva não estar a avançar tão rápido quanto esperava Vladimir Putin, certo é que está cada vez mais próximo da capital, Kyiv.
O ataque foi condenado veemente pela generalidade da comunidade internacional e o Ocidente pôs-se do lado da Ucrânia lançando uma série de sanções contra a Rússia numa tentativa de parar a guerra.
Leia Também: Polaco suspeito de violar jovem ucraniana a quem ofereceu abrigo