ONU. Reservas de água e alimentos em Mariupol estão quase esgotadas

As reservas de água e alimentos em Mariupol, cidade sitiada por tropas russas há duas semanas no sudeste da Ucrânia, estão a esgotar-se e praticamente nenhuma ajuda humanitária foi autorizada a entrar na área, alertou hoje a ONU.

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Lusa
18/03/2022 12:47 ‧ 18/03/2022 por Lusa

Mundo

Ucrânia

"A única maneira de ajudar Mariupol é através de comboios humanitários, que até agora não conseguiram entrar" na zona, disse Jakob Kern, coordenador de emergência para a Ucrânia do Programa Alimentar Mundial (PAM), numa conferência de imprensa por videoconferência a partir de Cracóvia, na Polónia.

Outras cidades parcialmente cercadas, como Kharkiv, Kiev, Odessa ou Sumy, recebem ajuda da agência das Nações Unidas, que mobilizou suprimentos para alimentar três milhões de pessoas por um mês, disse o responsável do PAM.

A organização humanitária já conseguiu enviar 12.000 toneladas dessa ajuda para diferentes áreas da Ucrânia e outras 8.000 toneladas aguardam em países próximos para poder entrar naquele país.

Kern também expressou a preocupação do PAM com o impacto que a guerra pode ter na segurança alimentar global, já que a Rússia e a Ucrânia são grandes produtores e exportadores, especialmente de cereais, e o conflito entre os dois elevou os preços mundiais dos alimentos a níveis recordes.

"As consequências do conflito estão a espalhar-se e causarão uma onda colateral de fome no planeta", alertou o funcionário do PAM.

A Rússia e a Ucrânia respondem por quase 30% do comércio mundial de trigo, um grão básico para muitos países e cujo preço aumentou 24% no mercado global desde o início da guerra.

A Ucrânia é o quarto maior produtor mundial deste cereal e também está entre os três maiores produtores de milho, cevada e óleo de girassol, segundo o PAM.

Kern declarou que as regiões cuja segurança alimentar é mais vulnerável à guerra atual são a África e o Médio Oriente, onde um país como o Líbano, por exemplo, importou 60% de seu trigo da Ucrânia.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 780 mortos e 1.252 feridos, incluindo algumas dezenas de crianças, e provocou a fuga de cerca de 5,2 milhões de pessoas, entre as quais mais de 3,1 milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

Leia Também: Embaixador pede que países adiram a grupo de responsabilidade

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