"Provavelmente, o nível de avanço das negociações não está tão avançado como se gostaria que estivesse, nem como requer a dinâmica da evolução da situação do lado ucraniano", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, na sua conferência de imprensa diária.
Quando questionado sobre o ponto em que se encontram atualmente, Peskov recusou-se a comentar os detalhes das conversas entre as delegações dos dois países, que hoje preveem retomar as reuniões através de videoconferência.
Referiu, no entanto, que o encontro entre os dois chefes de Estado só será possível quando as conversações preliminares estiverem concluídas e for alcançado um acordo.
"Neste momento, não há avanços significativos [nessa direção]", reiterou.
O porta-voz do Kremlin indicou ainda que a Rússia não está a ponderar o estabelecimento de um cessar-fogo durante as negociações, alegando que essas pausas são usadas por "formações nacionalistas" da Ucrânia para "reagrupar e continuar os ataques contra as tropas russas".
Zelensky afirmou, no domingo, que "está preparado" para negociar com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, o fim das hostilidades no país, mas descartou a hipótese de reconhecer a independência das autoproclamadas repúblicas no Donbass ou a soberania russa sobre a Crimeia.
Em entrevista à estação norte-americana de televisão CNN, o Presidente ucraniano assegurou que não irá assumir "nenhum compromisso que afete a integridade territorial e a soberania" da Ucrânia.
Entre as exigências da Rússia para parar a guerra, conta-se a renúncia de Kiev aos planos de adesão à NATO, assim como o seu reconhecimento da independência das autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk, na região de Donbass, e do controlo russo península ucraniana da Crimeia, anexada por Moscovo em 2014.
Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Mevlüt Çavusoglu, as conversações para encontrar uma solução para o conflito avançaram ao ponto de "quase chegar a um acordo" sobre a maioria das questões levantadas na mesa de negociações.
Numa entrevista publicada no domingo pelo jornal Hürriyet, o chefe da diplomacia turca resumiu as conclusões que tirou das suas viagens a Moscovo e Lviv na semana passada, onde se reuniu com os seus homólogos russo e ucraniano, Serguei Lavrov e Dmytro Kuleba, respetivamente.
O ministro assegurou que já foi percorrido um longo caminho nas conversações entre as delegações, mas que a paz exigirá um encontro ao mais alto nível.
O Kremlin agradeceu hoje os esforços de todos os países que se ofereceram para acolher um possível encontro entre Putin e Zelensky, mas reiterou que, para já, isso é "um assunto secundário".
A Rússia lançou, a 24 de fevereiro, uma ofensiva militar na Ucrânia, depois de meses a concentrar militares e armamento na fronteira com a justificação de estar a preparar exercícios.
A guerra já matou pelo menos quase mil civis e feriu cerca de 1.500, incluindo mais de 170 crianças, de acordo com as Nações Unidas. Além disso, o conflito provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas das suas casas, entre as quais mais de 3,3 milhões para os países vizinhos.
Segundo a ONU, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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