Quase 500 milhões de africanos vivem sem segurança da água

Quase 500 milhões de pessoas em África vivem sem segurança da água e apenas 13 dos 54 países do continente têm um "nível moderado" de segurança dos recursos hídricos e dos sistemas sanitários, revela um estudo hoje publicado.

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Lusa
21/03/2022 16:04 ‧ 21/03/2022 por Lusa

Mundo

Água

O levantamento, o primeiro sobre a segurança da água em África, foi feito pelo Instituto para a Água, o Meio Ambiente e a Saúde (INWEH, na sigla em inglês), da Universidade das Nações Unidas, com sede no Canadá, e é divulgado na véspera do Dia Mundial da Água, que se assinala em 22 de março.

Segundo o relatório, a definição de segurança da água das Nações Unidas é "a capacidade de uma população de garantir o acesso sustentável a quantidades adequadas de água com qualidade aceitável para sustentar a subsistência, o bem-estar humano e o desenvolvimento socioeconómico, para garantir a proteção contra a poluição da água e desastres relacionados com a água e para preservar os ecossistemas num clima de paz e estabilidade política".

Os investigadores avaliaram a segurança da água nos 54 países africanos através de 10 indicadores, nomeadamente a disponibilidade de água potável, o acesso a saneamento, indicadores de saúde e higiene ou qualidade da água.

A investigação conclui que nenhum país ou região africana alcança o nível de segurança da água mais alto - "modelo" - nem sequer o nível seguinte - "eficaz".

Com exceção do Egito, nenhum país alcança os 70 pontos em 100 em segurança da água e apenas 13 estão no nível "modesto".

Mais de um terço dos países africanos estão no nível mais baixo de segurança da água -- "emergente" --, sendo que todos esses 19 países, onde vivem quase 500 milhões de pessoas, têm níveis de segurança da água abaixo de 45 pontos em 100.

Além disso, os autores do estudo concluem que as melhorias registadas na segurança da água nos últimos três a cinco anos foram poucas, com apenas 29 países a registarem algum progresso, contra 25 que não registaram qualquer avanço.

Segundo o 'ranking' do INWEH, o Egito, o Botsuana, o Gabão, as ilhas Maurícias e a Tunísia são os países com maior segurança da água, enquanto a Somália, o Chade e o Níger são os piores,

Entre os países lusófonos, a Guiné-Bissau é o país menos bem classificado e o quarto pior do continente, estando entre os países cuja segurança da água é "emergente".

A Guiné Equatorial, em sétimo a nível do continente, é o lusófono mais bem classificado, estando, juntamente com São Tomé e Príncipe, no grupo dos que têm uma segurança da água "modesta".

Cabo Verde, Angola e Moçambique estão entre os países que têm uma segurança da água "escassa".

O estudo destaca ainda as discrepâncias entre países em alguns dos indicadores, nomeadamente no do acesso à água potável, que é de 99% no Egito e de apenas 37% na República Centro-Africana.

Em 2020, os países africanos tinham em média 71% de cobertura em termos de serviços básicos de água potável, pelo que 29% da população total, o equivalente a mais de 353 milhões de pessoas, não tinham sequer esse acesso mínimo.

Neste indicador, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe eram os lusófonos mais bem classificados, com uma média de 70% de cobertura, enquanto Angola e a Guiné-Bissau eram os que tinham as menores coberturas, ambos nos 40%.

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