"As escolas para as raparigas adolescentes entre o 7.º e 12.º anos (dos 12 aos 18 anos de idade) continuam fechadas", afirmou à agência de notícias EFE o porta-voz adjunto do Governo dos talibãs, Inamullag Samangani, no mesmo dia em que as escolas reabrem após as férias de Inverno.
Dezenas de milhares de raparigas deviam regressar ao ensino secundário, mais de sete meses depois do regime talibã ter subido ao poder e restringido os direitos das mulheres à educação e ao trabalho.
O Ministério da Educação afegão tinha anunciado o reinício das aulas para raparigas em várias províncias, incluindo em Cabul.
"Não estamos a reabrir escolas para agradar à comunidade internacional, nem para obter o reconhecimento do mundo", disse o porta-voz do Ministério Aziz Ahmad Rayan.
"Estamos a fazer isto como parte da nossa responsabilidade de proporcionar educação e instalações educativas para os nossos estudantes", acrescentou.
O regime talibã tinha insistido precisar de tempo para garantir que as adolescentes eram separadas dos rapazes e que as escolas funcionassem de acordo com os princípios islâmicos.
Em sete meses de governo, os talibãs impuseram várias restrições às mulheres, que se viram excluídas de muitos empregos públicos, controladas na forma de vestir e proibidas de viajar sozinhas para fora da cidade onde vivem.
O grupo islâmico também deteve várias ativistas que se manifestaram pelos direitos das mulheres.
Apesar do anúncio do regresso das raparigas à escola, que entretanto não se verificou, muitas famílias continuam a desconfiar do regime vigente no Afeganistão e mostram-se relutantes em deixar as filhas sair de casa.
A organização não governamental de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) também questionou a motivação das raparigas para estudar.
"Porque é que você e a sua família fariam enormes sacrifícios para estudar, se nunca poderão ter a carreira que sonharam", questionou Sahar Fetrat, investigador assistente da HRW.
O Ministério da Educação reconheceu enfrentar o problema da falta de professores, muitos dos quais se encontravam entre as dezenas de milhares de afegãos que fugiram do país quando os talibãs subiram ao poder.
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