Na sequência da guerra entre os independentistas albaneses kosovares e forças sérvias no final da década de 1990, os membros da minoria sérvia do território, com larga maioria de população albanesa, têm participado regularmente nas eleições sérvias no Kosovo sob monitorização e ajuda prática da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).
No entanto, para as eleições presidenciais, legislativas e locais previstas para 03 de abril na Sérvia, Belgrado e Pristina ainda não garantiram um acordo apesar das pressões ocidentais.
Em Gracanica, uma cidade de maioria sérvia próximo de Pristina, milhares de pessoas reuniram-se sem incidentes para denunciar o "terror" imposto pelo primeiro-ministro kosovar, Albin Kurti, acusado de pretender "expulsá-los do Kosovo".
"Recusamos que alguém nos prive dos nossos direitos fundamentais e nos torne cidadãos de segunda", referiu perante os manifestantes Dalibor Jevtic, membro da Srpska Lista, próxima de Belgrado.
Em Mitrovica, a cidade dividida no norte, cerca de mil sérvios exigiram que "a Europa termine com a perseguição de Kurti".
O Governo do Kosovo exige de Belgrado que lhe solicite autorização para organizar o voto no seu território, que considera soberano, mas que a Sérvia não pode efetuar porque na sua perspetiva corresponderia a um reconhecimento da independência do Kosovo, autoproclamada em 2008.
As embaixadas da França. Alemanha, Itália, Reino Unido e Estados Unidos lamentaram esta semana em comunicado a ausência de acordo entre as partes, e acusaram Pristina de "não defender o princípio de proteção dos direitos civis e políticos de todos os cidadãos, incluindo as minorias".
Cerca de 120.000 sérvios permanecem no Kosovo, com uma população de 1,8 milhões.
A comissão eleitoral sérvia (RIK) anunciou por sua vez na quinta-feira que os sérvios do Kosovo poderão votar em quatro cidades do sul da Sérvia. Vladimir Todoric, um membro desta comissão, denunciou a ausência de acordo político sobre esta questão, e sublinhou que diversos leitores terão de percorrer mais de 120 quilómetros para votar. "Alguém passou a batata quente à comissão eleitoral", disse.
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