O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, revelou esta segunda-feira que a sua maior ambição nos dois dias de negociações de paz com a Rússia, que terão início esta terça-feira, é o estabelecimento de um cessar-fogo. Ainda assim, Volodymyr Zelenksy, presidente ucraniano, terá definido 'linhas vermelhas' bastante claras.
"Não estamos a trocar pessoas, terras ou soberania", apontou, citado pela Sky News.
O responsável referiu ainda que, no mínimo, pretende abordar “questões humanitárias” e, no máximo, “alcançar um acordo para um cessar-fogo”, disse na televisão ucraniana, citado pela Reuters.
Além disso, após Zelensky ter assegurado que a questão da “neutralidade” da Ucrânia está a ser “estudada em profundidade”, Alexander Rodnyansky, conselheiro presidencial, assegurou que o país não está disposto a "cortar-se aos bocados" para alcançar um acordo de paz, recusando entregar a região de Donbass e da Crimeia aos russos. Considerou, ainda assim, que um acordo de neutralidade é possível, mas que seriam necessárias mais condições de segurança, de forma a evitar que a integridade territorial da Ucrânia seja ameaçada.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, anunciou esta segunda-feira que se reunirá tanto com a delegação ucraniana como com a russa antes desta nova ronda de negociações em Istambul, garantindo que continua em contacto com os seus homólogos russo, Vladimir Putin, e ucraniano, Volodymyr Zelensky, para promover a mediação, sublinhando que a Turquia vem fazendo esforços nesse sentido desde 2014.
Recorde-se que a ronda negocial de amanhã é a continuação das conversações iniciada em finais de fevereiro na Bielorrússia, e realizadas nos últimos dias por videoconferência. Com início marcado para as 07:30 TMG (08:30 em Lisboa) nos escritórios presidenciais anexos ao palácio de Dolmabahçe, em Istambul, prosseguirá na quarta-feira, à porta-fechada, conforme indicou a presidência turca, em comunicado.
A Rússia lançou, na madrugada de 24 de fevereiro, uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou pelo menos 1.151 civis, incluindo 103 crianças, e feriu 1.824, entre os quais 133 crianças, segundo os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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