Intitulado "Are children really learning?" ("As crianças estão realmente a aprender?"), o relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância alerta que a perturbação que a pandemia provocou na educação agravou uma "crise educativa global que já ameaçava o futuro de milhões de crianças em todo o mundo", segundo escreve a diretora executiva da Unicef, Catherine Russell, na introdução do documento.
O relatório faz uma análise de dados recolhidos entre 2017 e 2021 em 32 países e territórios de baixo e médio rendimento, incluindo os lusófonos Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe e conclui que mesmo antes da pandemia era questionável se os alunos estavam realmente a aprender.
Para determinar se os alunos estão a aprender o que é esperado para o seu ano de escolaridade, os investigadores analisaram os estudantes do 3.º ano, averiguando que percentagem tinha as competências fundamentais esperadas no final do 2.º ano.
Os resultados revelam que, na maioria dos países estudados, a maior parte dos estudantes não alcançou os objetivos, nem em numeracia nem em leitura, com uma mediana de 30% a alcançar as competências fundamentais em leitura -- desde 3% na República Centro-Africana a 82% na Bielorrússia -- e 18% em numeracia -- menos de 1% na República Democrática do Congo e 71% na Bielorrússia.
Na Guiné-Bissau, 11% dos alunos alcançam as competências básicas em leitura e 7% em numeracia, o que coloca o país abaixo da mediana e como o 8.º e o 9.º pior, respetivamente, entre os 31 países em que há dados disponíveis.
Já em São Tomé e Príncipe, a percentagem de alunos do 3.º ano com competências fundamentais na leitura é de 29% (15.º pior em 31) e a proporção de estudantes com competências em numeracia é de 24%, o que o coloca acima da mediana dos 31 países.
Os autores do relatório alertam, no entanto, que em cinco países africanos, incluindo os dois lusófonos, as crianças que estão fora da escola não têm qualquer competência em leitura, sendo que em todos eles, exceto São Tomé e Príncipe, pelo menos uma em cada sete crianças está fora do sistema de ensino.
A Unicef defende que "são precisos esforços para melhorar as competências educativas básicas para todas as crianças, com particular atenção às mais vulneráveis, que não estão na escola e são privadas da oportunidade de aprender".
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