O estado norte-americano do Oklahoma, uma região tradicionalmente conservadora e republicana, aprovou esta quarta-feira uma medida que proíbe a participação no desporto feminino, nas escolas e nas universidades, de mulheres e raparigas transsexuais.
Ao assinar a medida, o governador Kevin Stitt afirmou que a lei - catalogada como 'Lei Proteger o Desporto de Mulheres' - irá "garantir um nível justo para as atletas femininas".
O Oklahoma torna-se assim no quarto estado a impor esta medida este ano, depois dos estados republicanos do Iowa, Dakota do Sul e Ohio criarem a mesma lei discriminatória.
Nas suas explicações, os estados conservadores usaram o argumento de que as mulheres e raparigas transgénero têm uma vantagem sobre as mulheres cisgénero, apesar da ciência ter provado várias vezes que esta posição não é factual.
No entanto, citado pela CNN, Stitt desvalorizou qualquer discriminação com base em género na lei, afirmando simplesmente que "no que toca a desporto e atletismo, as raparigas devem competir contra raparigas". "Rapazes devem competir contra rapazes. Vamos deixar muito claro: é só isso que a lei diz".
O Trevor Project, uma das maiores organizações não-governamentais de proteção dos direitos da comunidade LGBT+, apoiando especialmente no combate à SIDA, condenou a aprovação da medida, considerando-a extremamente discriminatória.
"Esta medida no Senado do Oklahoma surge depois de um historicamente mau 2021, que viu uma série de medidas anti-transgénero serem aprovadas por todo o pais. Apanhados entre a estratégia politica divisiva de legisladores anti-LGBTQ+, estão crianças que tentam simplesmente navegar pela sua adolescência - crianças que enfrentam maiores níveis de discriminação nas suas comunidades, como foi demonstrado pelos históricos níveis de incidentes fatais contra pessoas transgénero e não-binárias em 2021", disse a associação num comunicado.
A medida tomada no Oklahoma é mais um ataque na recente onda de medidas por estados republicanos, após a eleição de Joe Biden em 2020, em restringir a atividade de pessoas da comunidade LGBT+. Recentemente, o estado do Texas esteve envolto em controvérsia, depois do governador Greg Abbott, um fiel apoiante de Donald Trump, ter assinado uma lei que criminaliza quais práticas físicas ou psicológicas que apoiem a transição de pessoas transsexuais, impactando até os familiares de crianças transsexuais.
Já na Flórida, o governador Ron DeSantis, apontado como um possível sucessor de Trump no comando dos republicanos, aprovou outra medida que proíbe conteúdos sobre a comunidade LGBT+ nas escolas, e proíbe que assuntos LGBT+ sejam discutidos nos espaços escolares, mesmo que uma criança pergunte a professores.
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