Líder de protestos estudantis pró-Palestina nos EUA enfrenta deportação

Um destacado ativista pró-Palestina que ajudou a organizar protestos na Universidade de Colúmbia enfrenta um processo de deportação após ter sido detido por agentes federais de imigração no sábado. 

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© REUTERS/Jeenah Moon/File Photo

Lusa
10/03/2025 21:03 ‧ há 3 horas por Lusa

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EUA

Mahmoud Khalil, que terminou a universidade em dezembro, foi detido por agentes do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE, na sigla em inglês).

 

O Departamento de Segurança Interna confirmou a detenção, dizendo que foi resultado das ordens executivas do presidente norte-americano, Donald Trump, proibindo o antissemitismo. O jovem não foi formalmente acusado de nenhum crime. 

A advogada de Khalil, Amy Greer, disse que os agentes que o levaram sob custódia inicialmente alegaram estarem a agir sob uma ordem do Departamento de Estado para revogar o seu visto de estudante. Mas quando Greer os informou que Khalil tinha um visto de residente permanente - 'green card' -, os agentes disseram que revogariam essa autorização. 

Autoridades federais de imigração também visitaram uma segunda estudante internacional na Colúmbia no fim de semana e tentaram detê-la, mas foram impedidas de entrar no apartamento, de acordo com um sindicato que representa a estudante. 

A mulher não foi identificada e não está claro quais eram os motivos que o ICE tinha para a visita. 

De acordo com o 'Student Workers of Columbia', um sindicato de estudantes de pós-graduação que representa a mulher, três agentes do ICE visitaram a sua residência na sexta-feira à noite e tentaram entrar sem um mandado. 

"Os agentes foram mandados embora com razão", disse o sindicato estudantil. 

No fim de semana, a universidade circulou orientações aos alunos sobre as suas políticas para permitir autoridades federais no campus universitário. 

As orientações afirmam que "em geral, os agentes do ICE devem ter um mandado judicial ou intimação para aceder a áreas não públicas", incluindo moradias estudantis. 

O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, disse numa mensagem publicada no domingo na plataforma X que o Governo irá "revogar os vistos e/ou 'green cards' dos apoiantes do Hamas na América para que eles possam ser deportados". 

O caso de Khalil representa a primeira tentativa de deportação conhecida publicamente sob a repressão prometida por Trump contra estudantes que protestam contra a guerra em Gaza. 

"Esta é a primeira detenção e haverá muitas outras", ameaçou hoje Trump após a detenção do ativista pró-palestiniano, a quem se referiu como um "estudante radical estrangeiro pró-Hamas". 

"Sabemos que há outros estudantes na Colúmbia e noutras universidades que se envolveram em atividades pró-terroristas, antissemitas e antiamericanas, e a administração Trump não tolerará isso. (...) Vamos encontrar, prender e expulsar estes simpatizantes terroristas", escreveu o chefe de Estado na sua rede Truth Social, acrescentando: "Esperamos que todas as universidades do país sigam as regras". 

O Presidente republicano argumentou que os manifestantes perderam os seus direitos de permanecer no país ao apoiar o grupo terrorista palestiniano Hamas, que controla Gaza. Mas Khalil e outros líderes estudantis rejeitaram essas alegações, dizendo que são parte de um movimento antiguerra mais amplo que também conta com estudantes e grupos judeus entre os seus apoiantes. 

No pico dos protestos em universidades de todo o país, em abril do ano passado, estudantes da Colúmbia disseram à Lusa que consideravam "completamente ridículo" as ameaças de suspensão por estarem "a exercer o seu direito ao protesto". 

Khalil está atualmente retido num centro de detenção de imigrantes no Luisiana, depois de ter sido inicialmente enviado para uma instalação em Nova Jérsia, de acordo com o banco de dados 'online' do ICE, que identifica o local de nascimento do ativista como Síria. 

Não está claro quando terá uma audiência no tribunal de imigração, que normalmente é o primeiro passo no processo de deportação. Porta-vozes do ICE e do Departamento de Segurança Interna não responderam imediatamente aos e-mails da imprensa solicitando comentários. 

Também a Universidade de Colúmbia se recusou a comentar sobre a prisão de Khalil.  

Um protesto foi marcado para a tarde e hoje em frente aos escritórios do ICE em Manhattan. 

Khalil foi um dos ativistas mais visíveis nos protestos do ano passado, servindo como negociador para estudantes que montaram um acampamento no campus universitário. Ativistas pró-Israel pediram à administração de Trump nas últimas semanas que iniciasse procedimentos de deportação contra o manifestante. 

Khalil também estava entre os investigados por um novo escritório da Colúmbia que já moveu acusações disciplinares contra dezenas de estudantes pelo seu ativismo pró-palestiniano, de acordo com registos compartilhados com a agência Associated Press. 

O ativista tem um mestrado pela escola de Relações Internacionais da Colúmbia. A sua mulher, que é cidadã norte-americana, está grávida de oito meses. 

Enquanto isso, na semana passada, o Governo de Trump retirou 400 milhões de dólares (369 milhões de euros) em financiamento federal da Colúmbia devido ao que alegou ser o fracasso desta prestigiada instituição de ensino da 'Ivy League' em controlar o antissemitismo no seu campus. 

Leia Também: Guterres destaca liberdade de expressão após detenção de estudante pró-Palestina

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