O organismo não conseguiu ajudá-los no último mês por falta de garantias de segurança.
A equipa que o CICV tinha em Mariupol partiu há duas semanas numa evacuação, em que os civis abandonaram a cidade através de meios próprios. A CICV indicou que não tem como saber a gravidade da destruição ou se houve vítimas.
Todos os suplementos do armazém foram distribuídos no início de março, incluindo os de saúde para hospitais e produtos para aliviar a situação das famílias que vivem em abrigos antiaéreos, mas não se sabe se o espaço foi usado desde então.
"Apesar das enormes necessidades na cidade, não conseguimos trazer mais suplementos devido aos intensos combates e à ausência de um acordo entre ambas as partes que garantisse o trânsito seguro da assistência humanitária", disse CICV.
De acordo com o Direito Internacional Humanitário, incluído nas Convenções de Genebra, os objetos e locais utilizados para operações humanitárias se respeitados e protegidos numa guerra.
Hoje, as autoridades ucranianas haviam denunciado que um prédio do CICV foi alvo de bombardeamentos russos em Mariupol, um porto estratégico no sudeste da Ucrânia.
"Os ocupantes bombardearam deliberadamente um prédio do CICV em Mariupol", escreveu na sua conta da rede social Telegram Lioudmyla Denisova, responsável pelos direitos humanos no Parlamento ucraniano.
"Aviões e artilharia inimigos bombardearam o prédio, marcado com uma cruz vermelha sobre fundo branco, o que equivale à presença de feridos, civis ou materiais humanitários", acrescentou Denisova, ilustrando a mensagem com uma foto de um prédio marcado com uma cruz vermelha no telhado.
Esta informação não é verificável a partir de fontes independentes e Mariupol está sitiada pelo exército russo desde o final de fevereiro, com comunicações limitadas.
Neste porto estratégico do Mar de Azov, cerca de 160.000 civis permanecem retidos em abrigos sem eletricidade, sem comida e sem água, de acordo com vários meios de comunicação social.
As condições para lançar nos próximos dias uma operação humanitária para ajudar os habitantes de Mariupol "não estão reunidas nesta fase", anunciou na terça-feira à noite a presidência francesa, após uma nova conversa telefónica entre os presidentes francês, Emmanuel Macron, e russo, Vladimir Putin.
Numa iniciativa conjunta com a Turquia e a Grécia, Macron pediu para que fosse organizada uma evacuação da cidade, mas Vladimir Putin considera que tal operação exigiria que "combatentes nacionalistas ucranianos terminassem toda a resistência e depusessem as armas", de acordo com um comunicado do Kremlin, emitido na noite de terça-feira.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.179 civis, incluindo 104 crianças, e feriu 1.860, entre os quais 134 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de 3,9 milhões de refugiados em países vizinhos e quase 6,5 milhões de deslocados internos.
A ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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