Griffiths planeia visitar Kiev mais tarde para discutir com as autoridades ucranianas a iniciativa de um cessar-fogo humanitário, que o próprio Guterres levantou pela primeira vez esta semana.
Guterres confirmou, na sede da ONU, em Nova Iorque, que tanto a Rússia quanto a Ucrânia concordaram em receber Griffiths para discutir a sua proposta.
Na última segunda-feira, Guterres anunciou que havia instruído o diplomata britânico a explorar "imediatamente" com a Rússia e a Ucrânia um possível acordo para um cessar-fogo humanitário, paralelamente à mediação para o fim da guerra realizada por outros países, principalmente a Turquia.
Até agora, a Rússia havia rejeitado qualquer papel da ONU como mediador e nas últimas semanas Moscovo criticou repetidamente as posições de Guterres, que denunciou claramente a invasão da Ucrânia como uma grave violação da Carta das Nações Unidas.
Dadas as dificuldades de intervenção a nível político, as Nações Unidas têm concentrado os seus esforços no campo humanitário, com a entrega de ajuda à população ucraniana e esforços para facilitar a evacuação de civis.
É nesse quadro que Guterres propôs a ideia de um cessar-fogo humanitário, que segundo a ONU permitiria que a assistência fosse entregue a áreas que não podem ser alcançadas e contribuiria para salvar vidas.
Hoje, por exemplo, uma tentativa do Comité Internacional da Cruz Vermelha de evacuar civis da cidade sitiada de Mariupol falhou porque não conseguiu chegar com segurança à área, uma das mais atingidas pelos combates na Ucrânia.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.276 civis, incluindo 115 crianças, e feriu 1.981, entre os quais 160 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de 4,1 milhões de refugiados em países vizinhos e cerca de 6,5 milhões de deslocados internos.
A ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
Leia Também: AO MINUTO: UE está "totalmente unida"; Abertos 9 corredores humanitários