Teatro Bolshoi de Moscovo apresenta espetáculo heroico pró-Rússia

O Teatro Bolshoi de Moscovo apresentará no sábado o bailado 'Spartacus', com as receitas a reverterem para os familiares dos soldados russos mortos na guerra na Ucrânia, num gesto de apoio à "operação militar" comandada pelo presidente Vladimir Putin.

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© Photo by YURI KADOBNOV/AFP via Getty Images

Lusa
02/04/2022 00:01 ‧ 02/04/2022 por Lusa

Cultura

Rússia/Ucrânia

Em comunicado, o teatro nacional russo explica que a apresentação do espetáculo iniciará uma "vasta campanha de solidariedade", intitulada "Cortina Erguida", lançada pelo ministério russo da Cultura para apoiar os que ajudaram o exército russo e "dar assistência" à população que foi retirada de Donbass, a região separatista pró-Rússia da Ucrânia.

A propósito desta campanha, o Teatro Bolshoi nunca se refere à guerra na Ucrânia como uma invasão, mas sim uma "operação militar russa" no país vizinho.

'Spartacus', um espetáculo de dança que glorifica o gladiador que liderou uma revolta de escravos contra o império romano, estreou-se em 1956 no, então, denominado teatro de ópera de Leninegrado, atual São Petersburgo.

"Para nós, Spartacus não representa apenas coragem e bravura, mas também uma incrível força interior de liberdade", sublinhou o Teatro Bolshoi.

No início de março, poucos dias depois da invasão militar na Ucrânia, o maestro russo Tugan Sokhiev demitiu-se das funções de diretor musical do Teatro Bolshoi e da Orquestra Nacional do Capitólio de Toulouse (França), dizendo-se pressionado a tomar uma posição sobre a guerra.

Considerado como um dos melhores da jovem geração, o maestro com origem na Ossétia, zona no Cáucaso russo, disse ainda não poder "suportar ser testemunha da forma como os seus colegas, artistas, atores, cantores, bailarinos, realizadores são ameaçados, tratados com desrespeito e vítimas da cultura de anulação".

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.276 civis, incluindo 115 crianças, e feriu 1.981, entre os quais 160 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de 4,1 milhões de refugiados em países vizinhos e cerca de 6,5 milhões de deslocados internos.

A ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

Leia Também: AO MINUTO: Kyiv trocou prisioneiros; Metsola quer "ir mais longe"

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