"Continuaremos a trabalhar para um acordo", disse o comissário europeu Margaritis Schinas na cidade de Algeciras, no sul de Espanha, na região do Campo de Gibraltar, acrescentando: "As negociações prosseguem".
O comissário para a Promoção do Modo de Vida Europeu disse que, nos seus 30 anos de experiência na política europeia, nunca "gostou" de estabelecer "datas ou prazos, que é algo que não ajuda a negociação".
Gibraltar - cuja soberania é reivindicada pela Espanha - não está incluída no pacto de comércio e cooperação que Londres e Bruxelas alcançaram no final de 2020, pelo que é necessário chegar a um acordo separado sobre as futuras relações da colónia britânica com a UE.
As rondas de negociações realizadas até agora aconteceram desde outubro passado, quando a UE deu o mandato para iniciar o diálogo, tomando como quadro o acordo de Ano Novo, que a Espanha e o Reino Unido alcançaram, em 31 de dezembro de 2020.
Este acordo previa, entre outras questões, a remoção da vedação da fronteira e a colónia britânica tornar-se parte do espaço Schengen, com a Espanha como garante, uma vez que o Reino Unido não faz parte desta zona europeia de livre-trânsito.
Schinas declarou que a Comissão Europeia está "plenamente consciente da importância deste acordo para Espanha, a sua região da Andaluzia e Europa", e que está "em contacto permanente" com as autoridades espanholas sobre o desenvolvimento destas negociações, "que ainda estão em curso".
No que diz respeito a Marrocos, negou que "as relações políticas tenham muito a ver com fluxos migratórios e também com fluxos de passageiros", acrescentando: "Na Europa, nunca queremos assistir a qualquer tipo de instrumentalização da imigração".
Schinas apelou a um trabalho que envolva todos os vizinhos, "incluindo Marrocos, numa base de confiança". Neste sentido, disse esperar que "o novo quadro de relações entre Espanha e Marrocos, que melhorou consideravelmente, tenha também um impacto nas relações com a Europa".
A Espanha apoiou recentemente a proposta de Marrocos de um plano de autonomia para o Sahara Ocidental.
As relações entre os dois países têm estado em crise desde a hospitalização em Espanha, em abril de 2021, do líder da Frente Polisario, Brahim Gali, uma organização que apela à total independência da antiga província espanhola no Norte de África.
O vice-presidente da Comissão Europeia visitou hoje o Comando Civil da Guarda em Algeciras, uma das forças de segurança espanholas, onde foi recebido pela sua diretora-geral, María Gámez.
"A Espanha está a fazer aqui um trabalho impressionante a favor de uma união de segurança para todos", salientou. "O flanco sul (da UE) é um dos mais expostos a pressões e desafios de segurança".
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