A Rede Europa-África Central (Eurac), que reúne cerca de 30 ONG europeias especializadas na região dos Grandes Lagos, entre as quais Secours Catholique e Terre Solidaire, apelou, em comunicado, ao fim do memorando de entendimento UE-Ruanda sobre os minerais de 2024.
No comunicado de imprensa, a Eurac condenou a "gestão passiva do conflito" e a atitude "'business as usual' ('negócios como habitualmente')" da política europeia na região.
"Esta atitude alimentou a escalada das tensões regionais", afirma a Eurac, apontando "graves inconsistências nas políticas da União Europeia que enviaram sinais contraditórios aos países da região".
"Um exemplo flagrante é a assinatura de um memorando de entendimento entre a UE e o Ruanda sobre minerais em 2024, numa altura em que o país já tinha sido condenado pela comunidade internacional pelo seu apoio ativo ao M23 (grupo armado rebelde) no território do seu vizinho", a República Democrática do Congo, refere o comunicado de imprensa.
As ONG citam também a atribuição de fundos ao Ruanda para apoiar o destacamento de militares seus em Moçambique para combater o terrorismo fundamentalista islâmico.
"Esta sucessão de decisões políticas incoerentes torna a UE cúmplice dos recentes desenvolvimentos que conduziram à atual crise no leste da RDCongo", diz a declaração, que apela à retirada do memorando de entendimento UE-Ruanda sobre minerais, à cessação de toda a cooperação militar com o Ruanda e à aplicação de sanções contra os envolvidos em graves violações dos direitos humanos e crimes de guerra.
O grupo armado rebelde M23, apoiado pelas tropas ruandesas, tomou o controlo de Goma, capital da província Kivu Norte, no leste da RDCongo, e está a avançar na província vizinha de Kivu Sul em direção à capital, Bukavu.
O governo de Kinshasa acusa o Ruanda de estar a tentar deitar a mão aos recursos minerais do leste do país.
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