Putin restringe concessão de vistos à UE e a outros países europeus

O Presidente russo, Vladimir Putin, assinou hoje um decreto que restringe a concessão de vistos para os países da União Europeia (UE), além da Noruega, Suíça, Islândia e Liechtenstein, devido às suas "ações hostis" contra a Rússia.

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Lusa
04/04/2022 15:12 ‧ 04/04/2022 por Lusa

Mundo

Rússia/Ucrânia

As medidas de retaliação tomadas por Moscovo afetarão delegações oficiais e jornalistas, explicou o Kremlin, em comunicado, referindo que o decreto presidencial ordena a suspensão parcial do acordo de simplificação de vistos assinado com a UE em 25 de maio de 2006.

Com esta medida, fica restringida a emissão de vistos múltiplos com validade de um ano para delegações oficiais e jornalistas, bem como vistos múltiplos com validade de cinco anos para membros de governos nacionais e regionais, parlamentos e tribunais.

A partir de agora, diplomatas dos países abrangidos pelas sanções deixam de poder entrar no território russo sem visto.

O Governo russo adotou no passado dia 08 uma lista de países e territórios hostis, que inclui EUA e Canadá, todos os países membros da UE, Reino Unido, Ucrânia, Montenegro, Suíça, Albânia, Andorra, Islândia, Liechtenstein, Mónaco, Noruega, San Marino, Macedónia do Norte, Japão, Coreia do Sul, Austrália, Micronésia, Nova Zelândia, Singapura e Taiwan.

Além disso, é reintroduzida a necessidade de custear a emissão de vistos para delegações oficiais, membros de governos e parlamentos.

Putin também ordena que o Ministério dos Negócios Estrangeiros imponha "restrições pessoais" a estrangeiros que cometeram "ações hostis" contra este país, os seus cidadãos e entidades legais.

Na semana passada, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, anunciou que Moscovo está a preparar um documento para impor restrições de vistos a cidadãos de "países hostis", em retaliação a medidas semelhantes tomadas contra Moscovo.

"Acredito que este passo alarga as ferramentas para influenciar várias categorias de cidadãos estrangeiros. Em primeiro lugar, contra aqueles que estão envolvidos em crimes contra cidadãos russos no exterior. Em segundo lugar, aqueles que cometem injustamente perseguição jurídica contra o nosso povo. E, finalmente, aqueles que tomam decisões irracionais que violam os direitos e interesses legítimos dos cidadãos e organizações da Federação Russa", explicou Lavrov.

A UE aprovou o primeiro de vários pacotes de sanções contra Moscovo em 23 de fevereiro, depois de o Presidente russo ter reconhecido a independência das repúblicas de Donetsk e Lugansk.

Além disso, devido às "atrocidades" cometidas por soldados russos em várias cidades ucranianas ocupadas, Bruxelas anunciou hoje que está a preparar um novo pacote de sanções contra o Kremlin.

A Ucrânia acusou a Rússia de genocídio, alegando ter encontrado os corpos de 410 civis na região de Kyiv, atualmente sob controlo ucraniano.

Na cidade de Busha, a noroeste da capital ucraniana, cerca de 300 pessoas foram enterradas em valas comuns, de acordo com as autoridades ucranianas.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.417 civis, incluindo 121 crianças, e feriu 2.038, entre os quais 171 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

Leia Também: "Putin não vai destruir o espírito ucraniano", diz Boris Johnson

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