"Estamos a trabalhar em conjunto, França e Alemanha, para definir o que poderá ser este novo pacote [de sanções], que terá de integrar o petróleo e o carvão russos", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Yves Le Drian, numa conferência de imprensa conjunta com a sua homóloga alemã, Annalena Baerbock.
"As modalidades da sua implementação estão hoje em discussão" no Luxemburgo, acrescentou.
A Comissão Europeia propôs hoje uma proibição de importação pela União Europeia (UE) de carvão russo, que vale à Rússia quatro mil milhões de euros por ano, e a expulsão de quatro bancos russos do mercado financeiro europeu.
Le Drian disse que há um consenso sobre "a necessidade de novas sanções, devido ao agravamento da situação [na Ucrânia] e ao terror que as imagens que se têm visto de civis mortos".
A ministra alemã dos Negócios Estrangeiros assinalou também o consenso e confirmou que a Europa pretende incluir os combustíveis nas sanções ao regime de Vladimir Putin.
"Decidimos seguir um caminho comum a nível europeu e, tendo em conta este quinto conjunto de sanções, criar condições para que a Europa retire completamente as importações de combustíveis fósseis da Rússia", afirmou Baerbock.
Os 27 estão divididos sobre a questão das sanções, que exigem unanimidade.
A Polónia e os países bálticos estão a insistir em medidas duras que visem o setor da energia, um dos principais recursos da Rússia para financiar a guerra na Ucrânia.
Outros países, principalmente a Alemanha, mas também a Áustria, são muito cautelosos, devido aos custos para a sua atividade económica, muito dependente dos combustíveis fósseis russos.
O ministro das Finanças alemão, Christian Lindner, descartou, na segunda-feira, um embargo ao gás russo, mas abriu caminho, hoje, para sanções ao petróleo e ao carvão.
A Rússia é o maior fornecedor de combustíveis fósseis da UE. Por si só, representa cerca de 45% das importações de gás e carvão e 25% das importações de petróleo.
Os ministros das Finanças da zona euro estão reunidos no Luxemburgo desde segunda-feira e o presidente do Eurogrupo, Paschal Donohoe, já disse que apoiam o reforço das sanções financeiras da União Europeia (UE) à Rússia.
Frisando ser "muito importante manter a unidade que tem caracterizado a resposta" da União Europeia (UE), Paschal Donohoe anunciou um debate para hoje, já ao nível dos ministros das Finanças dos 27, no Ecofin, sobre "outras ações" a adotar.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.430 civis, incluindo 121 crianças, e feriu 2.097, entre os quais 178 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,2 milhões para os países vizinhos.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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