"<span class="news_bold">Estamos numa fase crucial da guerra", assinalou Jens Stoltenberg, no decurso de uma conferência de imprensa, na véspera de uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da Aliança.
O secretário-geral da NATO referiu que as tropas russas deixaram a região de Kiev e o norte da Ucrânia, estando o regime de Vladimir Putin a deslocar um grande número de militares em direção a leste na Rússia.
"Vão rearmar-se, receber reforços em efetivos, porque registaram muitas perdas, e reabastecer-se para lançar uma nova ofensiva muito concentrada na região do Donbass", disse Stoltenberg, acrescentando: "É nessa região que estão concentradas a maior parte das forças ucranianas".
Segundo o secretário-geral da NATO, o reposicionamento das forças russas vai demorar "um certo tempo, algumas semanas", antes do "lançamento de uma grande ofensiva".
"É essencial que os aliados apoiem os ucranianos, os ajudem a rearmar-se, para permitir que se defendam", insistiu.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros da Aliança vão discutir na quinta-feira com o seu homólogo ucraniano, Dmytro Kuleba, as necessidades das forças ucranianas, precisou.
"Não quero fornecer detalhes, mas está a ser examinado o fornecimento de armas antitanque e sistemas de defesa antiaérea", indicou.
Nas suas declarações, Stoltenberg também assegurou que o assassinato de civis é um "crime de guerra" e pediu que todos os responsáveis pelas mortes na localidade de Bucha, arredores de Kiev, compareçam perante a justiça.
"Fixar como objetivo e assassinar civis é um crime de guerra. Todos os factos devem ser estabelecidos e todos os responsáveis por estas atrocidades devem comparecer perante a justiça", sustentou.
As autoridades de Kiev acusaram no domingo as tropas russas pela morte de dezenas de civis em Bucha, uma alegação que tem sido firmemente desmentida por Moscovo, que se refere a uma "encenação".
Stoltenberg também admitiu a eventualidade de serem reveladas mais atrocidades na Ucrânia e quando as tropas russas prosseguem a retirada das áreas em torno de Kiev.
"Ainda não vimos tudo o que aconteceu porque a Rússia ainda controla a maioria desses territórios" em torno da capital. "Mas quando retirarem as suas tropas e chegarem as forças ucranianas, receio que existam mais valas comuns, mais atrocidades, mais exemplos de crimes de guerra".
Stoltenberg também rejeitou as afirmações da Rússia, ao frisar que "essas atrocidades aconteceram durante o período em que a Rússia controlava essas áreas" e possuímos informação de fontes muitos diversas".
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.430 civis, incluindo 121 crianças, e feriu 2.097, entre os quais 178 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,2 milhões para os países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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