O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky dirigiu-se, esta terça-feira, ao Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), centrando o seu discurso no massacre em Bucha.
"Ontem, voltei da nossa cidade de Bucha, recentemente libertada das tropas russas, não muito longe de Kyiv. Não há um único crime que não tenham cometido lá. Os militares russos procuraram e mataram propositadamente qualquer um que tenha servido o nosso país", relatou, numa intervenção por videoconferência.
Acrescentando: "Mataram mulheres no exterior das suas casas, que tentavam chamar por alguém que estivesse vivo. Mataram famílias inteiras, adultos e crianças, e tentaram queimar os corpos".
Zelensky referiu ainda que está a falar em "memória dos civis que morreram, que foram baleados, depois de serem torturados". "Alguns foram baleados nas ruas. Outros foram atirados aos poços, onde morreram em sofrimento. Foram mortos nos seus apartamentos, em casas explodidas por granadas".
"Civis foram esmagados por tanques enquanto estavam sentados nos carros no meio da estrada apenas por prazer. Cortaram membros, cortaram gargantas. Mulheres foram violadas e mortas em frente dos filhos", continuou.
Para o presidente ucraniano, esse comportamento "não é diferente do de outros grupos terroristas como o Daesh, mas aqui é feito por um membro do Conselho de Segurança".
Garantiu ainda que se "sabe perfeitamente o que os representantes da Rússia vão dizer em resposta às acusações destes crimes". "Disseram isso muitas vezes. O mais significativo foi após o abate do avião malaio sobre Donbass, por forças russas com armas russas, ou durante a guerra na Síria".
"Vão culpar toda a gente só para justificar as suas próprias ações. Vão dizer que existem várias versões, versões diferentes, que é impossível estabelecer qual dessas versões é verdadeira. Vão até dizer que os corpos dos mortos foram supostamente atirados e todos os vídeos são encenados. Mas é 2022. Agora temos provas conclusivas".
Acusou também a Rússia de "colonialismo", por retirar "centenas de milhares" de ucranianos do seu país, criticando a passividade do Conselho de Segurança perante a ofensiva. "Querem transformar ucranianos em escravos silenciosos", disse.
"Onde está a paz? Onde estão as garantias que a ONU tem de garantir?", questionou, sublinhando que o mundo ainda vai ver mais crimes de guerra cometidos pelo exército russo noutras partes da Ucrânia, piores do que os que foram cometidos em Bucha.
"A geografia pode ser diferente ou variada, mas a crueldade é a mesma, os crimes são os mesmos e a responsabilização tem de ser inevitável", rematou, apelando a que a Rússia seja expulsa como membro do Conselho de Segurança.
[Notícia atualizada às 16h13]
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