"Está na altura de a liderança ucraniana parar de insultar a Hungria e reconhecer a escolha do povo húngaro", exigiu o ministro dos Negócios Estrangeiros, Peter Szijjarto.
O primeiro-ministro húngaro, o nacionalista Viktor Orban, reeleito por larga margem na noite de domingo para um quarto mandato consecutivo, já tinha atacado o Presidente ucraniano, que designa como um dos seus opositores.
"Nem ele" [Volodymyr Zelensky] conseguiu impedir a vitória, gabou-se Orban no seu discurso da noite das eleições.
A Hungria deixou de ser considerada pela influente organização não governamental norte-americana Freedom House como uma democracia, passando a ser vista como um "regime híbrido".
Durante a campanha eleitoral na Hungria, Volodymyr Zelensky instou várias vezes Orban - visto como o aliado mais próximo de Moscovo dentro da União Europeia (UE) - a escolher um lado, acusando o primeiro-ministro húngaro de "perder a sua honra" por causa da sua ligação ao Presidente russo, Vladimir Putin.
Embora a Hungria seja membro da NATO e da UE, Budapeste recusou-se a enviar armas para a vizinha Ucrânia, alegando que quer ficar fora do conflito para "proteger" os húngaros.
O país também se opõe a sanções contra o petróleo e o gás russos, tal como a Alemanha e a Áustria.
"Falemos claramente: condenamos a agressão militar, defendemos a soberania da Ucrânia, permitimos que centenas de milhares de refugiados fujam [para a UE] para salvar as suas vidas", mas "o Governo recusa-se a pôr em perigo a paz e a segurança do povo húngaro", escreveu Szijjarto, numa mensagem publicada na rede social Facebook.
Segundo as organizações internacionais, apesar de a Hungria ter recebido quase 400 mil refugiados ucranianos desde a invasão da Rússia, iniciada em 24 de fevereiro, poucos decidiram manter-se no país, preferindo continuar a viagem para outros países da UE.
A posição da Hungria tem sido, aliás, bastante criticada pelos outros países da Europa, mesmo pela Polónia e outros Estados da Europa Central, que são tradicionalmente próximos de Budapeste.
A convocação do embaixador ucraniano acontece numa altura em que mais de 200 diplomatas russos foram expulsos da Europa em 48 horas, após a descoberta de massacres e potenciais crimes de guerra atribuídos a forças russas em cidades como Bucha, perto de Kyiv.
A ofensiva militar lançada pela Rússia na Ucrânia já matou, pelo menos, 1.480 civis, incluindo 165 crianças, e feriu 2.195, entre os quais 266 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,2 milhões para os países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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