As autoridades malianas, dominadas pelos militares que chegaram ao poder via golpe de Estado em 2020, negam que o exército tenha atacado civis e falam de uma operação antiterrorista.
"Dadas as graves alegações de crimes em massa, com dezenas de civis mortos durante essas operações, peço às autoridades malianas que realizem uma investigação completa, independente, imparcial e eficaz o mais rápido possível", disse Alioune Tine, em comunicado.
As conclusões dessas investigações devem ser tornadas públicas, acrescentou o perito.
O pedido de Alioune Tine juntou-se à missão da ONU no Mali (Minusma), França, Estados Unidos da América, União Europeia e Comissão de Direitos Humanos do Mali, que tinham já anteriormente defendido uma investigação ao sucedido.
A organização não-governamental de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) denunciou terça-feira que as forças armadas do Mali, juntamente com soldados estrangeiros, terão executado de forma sumária cerca de 300 homens, no final de março.
Num comunicado, a HRW disse que a execução, que terá acontecido na cidade de Moura, no centro do Mali, é a pior atrocidade relatada há uma década no país africano, que enfrenta uma rebelião de extremistas islâmicos.
O exército do Mali disse na sexta-feira à noite, numa declaração, que tinha matado "203 combatentes" de "grupos terroristas armados" durante uma operação numa zona do Sahel, no centro do Mali, que decorreu entre 23 e 31 de março.
A HRW disse que forças do exército maliano e soldados estrangeiros -- identificados por várias fontes como russos -- executaram, ao longo de vários dias no final de março, em pequenos grupos, várias centenas de pessoas que foram detidas em Moura.
Nas Nações Unidas, o porta-voz do secretário-geral António Guterres, Stéphane Dujarric, disse hoje que a organização continua a tentar enviar peritos para Moura
"Lançámos uma investigação relacionada com os direitos humanos para examinar as alegações de que civis foram mortos numa área onde as forças armadas malianas estão a realizar operações", disse Stéphane Dujarric em resposta a perguntas sobre Moura durante a conferência de imprensa diária.
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