Pelo menos 14 civis mortos em ataque de rebeldes ugandeses na RDCongo

Pelo menos 14 civis foram mortos num novo ataque atribuído aos rebeldes ugandeses das Forças Democráticas Aliadas (ADF) no nordeste da República Democrática do Congo (RDCongo), disseram à agência Efe ativistas da sociedade civil.

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Lusa
10/04/2022 10:38 ‧ 10/04/2022 por Lusa

Mundo

República Democrática do Congo

O assalto teve lugar na sexta-feira contra a aldeia de Otomabere, no território de Irumu, que faz parte da província de Ituri, disse à agência de notícias espanhola Christophe Munyanderu, diretor da Convenção para o Respeito dos Direitos do Homem (CRDH), uma organização local.

"Milicianos das ADF mataram 14 civis. Alguns foram mortos com machetes e outros com balas. As ADF incendiaram também um total de 13 motos antes de incendiar casas", disse Munyanderu.

Por causa da violência, os habitantes de Otomabere fugiram para as aldeias vizinhas, referiu o ativista.

"Desde o ano passado, as nossas duas províncias têm estado sitiadas mas nada mudou, apesar de existirem dois exércitos, as FARDC [Forças Armadas da RDCongo] e o exército ugandês a combater os rebeldes", lamentou Munyanderu.

O ativista referia-se ao estado de sítio imposto pelas autoridades de Ituri e da província vizinha do Kivu do Norte desde maio de 2021 devido ao aumento dos ataques rebeldes, bem como à operação conjunta lançada a 30 de novembro por Kampala e Kinshasa para derrotar as ADF.

As ADF são um grupo rebelde ugandês, mas está atualmente sediado no nordeste da RDCongo, perto da fronteira que partilha com o Uganda.

Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACDH), as ADF foram responsáveis por cerca de 1.260 mortes em 2021, o que as tornou no grupo armado mais letal da RDCongo.

Além disso, as autoridades ugandesas acusaram as ADF de organizarem três atentados suicidas à bomba no seu território em novembro de 2021.

Contudo, os objetivos da milícia não são claros para além de uma possível ligação à organização terrorista Estado Islâmico, que por vezes reivindica a responsabilidade pelos seus ataques.

Embora os peritos do Conselho de Segurança das Nações Unidas não tenham encontrado provas de apoio direto do Estado Islâmico às ADF, os Estados Unidos identificaram os rebeldes como uma "organização terrorista" afiliada ao grupo extremista desde março de 2021.

A fim de neutralizar as ADF, os exércitos da RDCongo e do Uganda iniciaram uma operação militar conjunta em solo congolês no final de novembro de 2021, que ainda está em curso.

Mas o chefe da missão de manutenção da paz da ONU na RDCongo (Monusco), Bintou Keita, reconheceu no final de março, num discurso ao Conselho de Segurança da ONU, que, apesar destas operações militares, o número de baixas civis e deslocações de populações aumentou.

Keita culpou esta "deterioração da situação de segurança" principalmente "pelas represálias sangrentas das ADF contra a população do Kivu do Norte e Ituri".

Desde 1998, o leste da RDCongo tem estado atolado em conflitos alimentados por milícias rebeldes e ataques de soldados do exército, apesar da presença de Monusco, com mais de 14.000 soldados.

A ausência de alternativas e de meios de subsistência estáveis levou milhares de congoleses a pegar em armas e, segundo o Barómetro de Segurança de Kivu (KST), a região é um campo de batalha para mais de uma centena de grupos rebeldes.

Leia Também: RDCongo. Rejeitada libertação de 2 rappers presos por critica ao Governo

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