Borrell acusa Rússia de provocar a fome no mundo e sobretudo em África

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, acusou hoje a Rússia de "causar a fome no mundo" com a guerra na Ucrânia, destruindo as reservas de trigo e impedindo-a de exportar, especialmente para África.

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© REUTERS/Francois Lenoir

Lusa
11/04/2022 17:43 ‧ 11/04/2022 por Lusa

Mundo

Ucrânia/Rússia

"Os russos culpam as sanções (impostas pelo Ocidente) pela escassez de alimentos e pelo aumento dos preços quando não são as sanções", afirmou o Alto Responsável da União Europeia para a Política Externa após uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros dos 27 no Luxemburgo.

"A Rússia está a colocar bombas nos campos da Ucrânia, os navios de guerra russos estão a bloquear dezenas de barcos carregados de trigo", acusou Borrell, acrescentando que com isso "causam escassez" e "a fome no mundo".

"Então parem de culpar as sanções. É o exército russo que está a causar escassez de alimentos. E África é uma grande fonte de preocupação porque está particularmente exposta à crise alimentar que se aproxima", insistiu.

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) anunciou na sexta-feira que os preços dos produtos alimentares mundiais atingiram os seus "níveis mais elevados de sempre" em março, com a guerra na Ucrânia a representar um risco de uma crise global.

A Rússia e a Ucrânia são, rspectivamente, o primeiro e o quinto maiores exportadores mundiais de trigo, representando 30% da oferta mundial.

Desde a invasão russa em 24 de fevereiro, toneladas de cereais permaneceram nos portos ucranianos como Mariupol, bombardeados e sitiados pelo exército russo devido à sua posição estratégica.

Teme-se que a escassez de cereais possa causar fome e motins no Médio Oriente e no Norte de África.

O Egito, a Turquia, o Bangladesh ou a Nigéria, países com grandes populações, são os principais importadores de cereais provenientes da Rússia e da Ucrânia.

A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 47.º dia de combates, provocou milhares de mortos civis e militares, bem como a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, incluindo 4,5 milhões para países vizinhos.

A comunidade internacional reagiu à invasão da Ucrânia pela Rússia com sanções económicas e políticas contra Moscovo, além do fornecimento de armas a Kiev.

Os 27 voltaram hoje a discutir a política de sanções contra a Rússia, depois de aprovado sexta-feira um novo pacote de sanções, abrangendo o carvão, e o ministro dos Negócios Estrangeiros português disse que estão de acordo quanto à necessidade de incluir o petróleo nas sanções, uma medida ainda em fase de estudo técnico.

Leia Também: Separatistas pró-Rússia anunciam conquista do porto de Mariupol

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