A primeira-ministra da Finlândia, Sanna Marin, revelou, esta quarta-feira, que o país tomará uma decisão sobre a sua candidatura à NATO nas próximas semanas.
Até agora, tanto a Finlândia como a Suécia permaneceram militarmente neutras, evitando a integração na aliança criada em 1949 para combater a União Soviética durante a Guerra Fria. A invasão russa na Ucrânia, contudo, alterou o panorama.
“Há várias perspetivas quanto a candidatarmo-nos à NATO ou não, e temos de as analisar cuidadosamente”, começou por referir a responsável, em conferência de imprensa com a homóloga sueca, Magdalena Andersson, citada pela Reuters.
“Creio que o nosso processo será relativamente rápido, [e uma decisão] acontecerá dentro de semanas”, adiantou.
O governo finlandês publicará ainda esta quarta-feira uma atualização quanto à sua política externa e de segurança, complementou Marin.
Também Magdalena Andersson sublinhou haver “prós e contras” na adesão à NATO, reiterando a necessidade de uma análise minuciosa.
“Enquanto membro da NATO, [teríamos] a segurança do Artigo 5.º [cláusula de defesa coletiva]”, tratando-se de “uma responsabilidade para com os outros países”.
Reagindo à notícia avançada pelo jornal The Times de que a Finlândia e a Suécia poderiam integrar a aliança já no verão, a Rússia avisou que a adesão dos dois países não contribuirá para a segurança na Europa, acusando novamente a NATO de ser “mais um instrumento de confronto”.
“Não é uma aliança que garanta a paz e a estabilidade, e o seu futuro alargamento, evidentemente, não trará segurança adicional ao continente europeu", comentou o porta-voz presidencial russo, Dmitri Peskov, citado pela agência de notícias espanhola EFE.
Por sua vez, a ministra dos Negócios Estrangeiros sueca, Ann Linde, considerou, esta terça-feira, que as ameaças da Rússia ao seu país e à Finlândia pela eventual adesão à NATO são “inaceitáveis”, sublinhando que "há um tempo antes e depois de 24 de fevereiro" e que "a Suécia e a Finlândia decidirão sozinhas o seu futuro".
Recorde-se que a Rússia ameaçou a Finlândia e a Suécia com "graves consequências político-militares" se os dois países nórdicos decidirem integrar a aliança.
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia já matou quase dois mil civis, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
O conflito causou também a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, mais de 4,5 milhões das quais para os países vizinhos.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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