Recusa de Macron em condenar "genocídio" na Ucrânia é "muito dolorosa"

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, lamentou hoje a recusa do Presidente francês, Emmanuel Macron, de condenar o "genocídio" perpetrado pelo exército russo na Ucrânia, classificando-a como "muito dolorosa".

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Lusa
13/04/2022 23:04 ‧ 13/04/2022 por Lusa

Mundo

Ucrânia/Rússia

"Se forem verdadeiras, tais declarações são muito dolorosas para nós", declarou Zelensky numa conferência de imprensa conjunta com os chefes de Estado polaco, lituano, estónio e letão, em visita a Kyiv.

"Farei o meu melhor para debater esta questão com o senhor Macron hoje. Se não for possível, então amanhã (quinta-feira), quando ele tiver tempo", acrescentou Zelensky.

No início do dia, Emmanuel Macron optou por não usar o termo "genocídio", utilizado pelo seu homólogo norte-americano, Joe Biden, para acusar o Presidente russo, Vladimir Putin, de o ter perpetrado na Ucrânia.

"Direi que a Rússia desencadeou de forma unilateral uma guerra brutal, que está agora provado que foram cometidos crimes de guerra pelo exército russo e que é agora necessário encontrar os responsáveis", declarou Macron primeiro.

"É uma loucura o que está a acontecer, é de uma brutalidade inédita (...) mas, ao mesmo tempo, olho para os factos e quero continuar a tentar ao máximo pôr fim a esta guerra e reconstruir a paz, por isso, não estou certo de que a escalada das palavras sirva a causa", sustentou.

O porta-voz da diplomacia ucraniana, Oleg Nikolenko, reagiu rapidamente junto da agência noticiosa Interfax-Ukraïna, considerando a posição de Macron "dececionante".

Na terça-feira, Biden acusou pela primeira vez Putin de levar a cabo um "genocídio" na Ucrânia, um termo até então utilizado por Zelensky, mas nunca pelo Governo norte-americano.

Hoje, o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, falou também pela primeira vez em "genocídio" na Ucrânia.

A Rússia, por seu lado, defende-se denunciando uma "encenação" e "falsificações" orquestradas pelos ucranianos e destinadas a prejudicá-la.

Moscovo lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou já a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, mais de 4,6 milhões das quais para os países vizinhos, de acordo com os mais recentes dados da ONU -- a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.

A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 49.º dia, causou um número ainda por determinar de mortos civis e militares e, embora admitindo que os números reais são muito mais elevados, a organização confirmou hoje pelo menos 1.932 mortos, incluindo 157 crianças, e 2.589 feridos entre a população civil.

Leia Também: 'Genocídio' na Ucrânia? "Absolutamente correto", diz Trudeau

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